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Saúde

Registro de 733 casos de dengue em 2 meses coloca o PR em alerta

Temor é que estado repita desempenho de 2003, quando 9.355 ocorrências foram registradas

Ponta Grossa – Somente nos dois primeiros meses do ano, o Paraná confirmou 733 casos de dengue. O número representa 67% do total de pacientes do ano passado, quando a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) contabilizou 1,1 mil registros. A situação é preocupante, conforme o coordenador do Centro de Saúde Ambiental da Sesa, Natal Jataí de Camargo, que ainda não considera que o estado esteja vivendo um surto da doença. A maior incidência é notificada, normalmente, entre os meses de março, abril e maio. "Podemos dizer que, neste ano, a epidemia se antecipou."

O que mais preocupa os organismos de saúde é a incidência de casos autóctones, ou seja, adquiridos no próprio município. No Paraná, desde o início do ano, foram confirmados 605 casos autóctones e 126 importados. Dois casos ainda dependem de análises. O volume de casos suspeitos cresce a cada dia. Somente o Laboratório Central (Lacen) de Curitiba tem cerca de 170 exames para serem realizados. Em todo o estado, há quatro laboratórios centrais.

No ano de 2006, o número de doentes contaminados dentro do próprio estado foi de 897 entre os 1,1 mil registros. Em 2007, segundo Camargo, o Paraná não teve pacientes de dengue hemorrágica, considerada a mais grave por poder levar o paciente à morte. De acordo com o Ministério da Saúde, dos 43.252 casos de dengue contabilizados neste ano em todo o país, houve 18 casos da forma hemorrágica da doença, com cinco mortes.

Quadro geral

O Paraná, com seus 733 casos, ainda está numa situação menos preocupante em relação a outros estados, como Mato Grosso do Sul, que já confirmou 24.930 pacientes. Mato Grosso aparece em segundo lugar, com 3.025 casos; Tocantins tem 2.197; Minas Gerais, 2.163; Rio de Janeiro, 1.284; e São Paulo, 966. Porém, os paranaenses estão em maior situação de risco entre os estados do Sul. Rio Grande do Sul (quatro casos importados) e Santa Catarina (34 casos importados) ainda não registraram casos autóctones da doença neste ano.

No Paraná, os municípios recordistas da doença são Ubiratã e Santa Helena (Região Oeste), com 298 e 110 casos, respectivamente, seguidos por Maringá (Noroeste) e Foz do Iguaçu (Oeste), com 53 e 48 casos cada. A Sesa, conforme Camargo, já confirmou a ocorrência de surtos nestes quatro municípios. "Consideramos uma situação de surto porque já extrapolou a média da normalidade dos anos anteriores para este período", explica Camargo. Ubiratã ainda tem um fator a mais de alerta aos moradores: todos os 298 casos foram adquiridos no próprio município.

A Sesa aperfeiçoou o sistema de comunicação sobre os números da doença entre municípios, regionais e dentro da própria secretária. Antes, segundo Camargo, as comunicações eram semanais e agora são diárias. Isso explica a defasagem entre os casos registrados, por exemplo, em Maringá. Em janeiro, enquanto a Sesa contabilizava nove registros da doença, o município já anunciava 33. Mas, as disparidades ainda persistem. Ainda ontem, a Secretaria Estadual informava 51 casos em Maringá, enquanto a prefeitura divulgava 53 casos.

Na avaliação de Camargo, o clima foi o fator preponderante para o crescimento de casos da dengue neste início de ano. "Com o fenômeno El Niño, a chuva freqüente e a alta temperatura favoreceram o aumento do número de casos da dengue neste início de ano", considerou. Ele teme que a incidência da doença no Paraná atinja índices alarmantes, como o registrado no ano de 2003, quando o estado contabilizou 9.355 ocorrências. "Se continuar desse jeito, vamos chegar a uns 2 mil casos até o mês de março, quando deve acontecer uma epidemia", adiantou.

O poder público tem mantido ações de prevenção e controle da doença, como sugere Camargo, "mas a população deve fazer a sua parte" não deixando reservatórios de água parada. A transmissão da doença se dá pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti. Após o acasalamento, ela deposita seus ovos em água limpa e parada. A Sesa informa que não há transmissão por contato direto com um doente ou suas secreções, nem por fontes de água ou alimento.

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