A reitora da Universidade de São Paulo (USP), Suely Vilela, está sendo acusada de plágio por ser coautora de um estudo sobre a aplicação de uma substância extraída de uma planta típica da Amazônia a sacaca para controlar a leishmaniose (doença provocada por protozoários e transmitida por picada de mosquitos, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste do Brasil). Outro dos objetivos do estudo é investigar se a substância pode ser apropriada contra o vírus da dengue. A USP abriu sindicância interna para averiguar a acusação contra Suely, outros seis coautores e a responsável pelo projeto, a microbiologista Angela Hampshire Soares. A denúncia foi feita pelo jornal Folha de S.Paulo na última quarta-feira.
De acordo com a Folha, o plágio ocorreu em três figuras que mostram como age a substância. As imagens originais são de estudo de 2003, assinado por um grupo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), também autor da denúncia. Em nota enviada pela USP à Gazeta do Povo, Suely explica que sua colaboração na pesquisa ocorre apenas na área de isolamento e purificação de toxinas animais, uma "matéria distinta em relação às passagens e imagens questionadas".
Se a reitora da principal universidade do país é investigada por suspeita de plágio, o que as universidades podem fazer para evitar que seus alunos e profissionais cometam equívocos na citação das referências ou para encontrar possíveis casos intencionais? Pró-reitor de pesquisa e pós-graduação da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Alamir Aquino Corrêa explica que, embora juridicamente não se tenha pesos diferentes, é fundamental entender a diferença entre os casos. No primeiro se trata, na realidade, de um erro. Na segunda alternativa, pelo contrário, existe a intenção de copiar.
Conforme Corrêa, a maior parte dos casos de plágio ocorre em pesquisas com vários autores, como o caso de Suely. "Nós recomendamos a busca e a conferência para evitar essa situação. Também aconselhamos os estudantes e pesquisadores a documentar tudo que é usado no projeto", explica. "Geralmente, há disciplina de metodologia de pesquisa ensinando os alunos. É uma forma de agir de forma preventiva e ensinar o respeito à intelectualidade", acrescenta. Na UEL, há resolução específica visando à punição do estudante, em casos comprovados de plágio. "Ele será reprovado na disciplina", avisa Corrêa.
Pró-reitor de Graduação, Pesquisa e Pós-Graduação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Robert Burnett afirma que detectar irregularidades é um trabalho complicado dependendo do tipo de maquiagem organizada pelo estudante. "A melhor maneira de identificar o plágio é o acompanhamento constante dos professores e orientadores. Quem acompanha conhece o padrão de comportamento do estudante. E isso não muda de um dia para o outro", diz.
Corrêa, da UEL, esclarece que, quando a responsabilidade cresce, caso de mestrados e doutorados, a banca é composta de especialistas conhecedores da área. "No doutorado, são cinco pessoas que atuam na área e conhecem boa parte daquilo que existe sobre o assunto. Por isso é difícil de enganar", diz. "Para auxiliar, existem ferramentas eletrônicas que ajudam a verificar o plágio", acrescenta.



