São Paulo Há poucos dias de completar 1 ano dos ataques criminosos contra as forças policiais do estado de São Paulo, a Anistia Internacional divulgou ontem um relatório no qual destaca os poucos avanços na segurança pública do Brasil. Os principais problemas apontados são a expansão do crime organizado paulista e o aumento das milícias no Rio de Janeiro. Em março deste ano uma prévia do relatório do Brasil foi lançada em Londres.
No relatório, chamado de "Brasil: Entre o ônibus em chamas e o caveirão: em busca da segurança cidadã", a Anistia ressalta que as duas maiores cidades do país chegaram a um impasse trágico, afirmando que as quadrilhas de criminosos, sendo de facções, grupos de extermínio e milícias, preencheram o vazio do Estado.
De acordo com a Anistia, o ápice da violência no Brasil, após o último relatório do organismo internacional em 2005, foram os ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC) em São Paulo em maio, junho e agosto de 2006; e a noite de violência promovida por criminosos às vésperas do Réveillon passado no Rio, quando 19 pessoas morreram, incluindo sete queimadas vivas em um ônibus.
Milícias
A Anistia classificou a onda de violência no Rio como represália à atuação das milícias (grupos compostos de policiais, ex-policiais e bombeiros) em ao menos 92 das cerca de 500 favelas da cidade. Em tese, os grupos surgiram para proteger as comunidades da ação dos traficantes, no entanto, tornaram-se tão violentos quanto os criminosos, além de cometerem extorsões contra os moradores.
O organismo internacional conclui o relatório com quatro pontos, chamados de preocupações centrais: polícia mal treinada, sem recursos e com pouca capacidade trabalho de inteligência; Estado negligente com relação aos bairros mais pobres, com moradores à mercê de criminosos e policiais; falta de uma política de segurança pública focada nas causas da violência e na exclusão social; e um sistema penitenciário em que a superlotação, os maus-tratos contra detentos, a corrupção e o crime organizado estão enraizados.
O uso do caveirão, veículo blindado da Polícia Militar do Rio, usado em incursões a favelas, é condenado pela Anistia em seu relatório. Para o organismo, os policiais têm direito a todo equipamento necessário para garantirem a segurança, porém, aponta que o uso do caveirão tem sido ligado ao policiamento indiscriminado e repressivo.



