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Crise institucional

Remanejamento de delegados gera troca de farpas na Polícia Civil

Delegado insinua que foi transferido por combater receptadores de carros roubados. Superior imediato nega e disse que colega terá que responder por denúncias

Um remanejamento de delegados anunciado nesta quarta-feira (26) pelo comando da Polícia Civil do Paraná provocou troca de farpas e insinuações públicas entre policiais, gerando um mal estar na instituição. Um dos transferidos, o delegado Gérson Machado lançou dúvidas sobre os motivos das mudanças. Ele foi retirado da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV) um dia depois de ter tentado prender um homem apontado como "o maior receptador de carros roubados de Curitiba e região metropolitana". O suspeito conseguiu fugir.

Em nota, o Machado disse que, dois meses depois de ter assumido a DFRV, foi chamado pelo seu superior imediato, o delegado Luiz Carlos de Oliveira, responsável pela Divisão de Crimes Contra o Patrimônio. Segundo Machado, seu chefe "veio com um pedido relacionado a 'lojas de autopeças', e que eu disse que não iria atender, por ser contra meus princípios". O delegado não dá detalhes sobre o "pedido", não concedeu entrevistas e disse que só se manifestaria por meio do comunicado.

Na quinta-feira (27), em depoimento à Corregedoria da Polícia Civil, Machado "esclareceu que, ao dizer na nota que não atendeu ao pedido do divisional por ser contra seus princípios, referia-se ao fato de ele não concordar em sobrecarregar ainda mais os investigadores, que estão afastados de suas funções, fazendo as vezes de carcereiros", diz a nota da Polícia Civil.

Mudanças

Na quarta-feira (26), no entanto, Machado sugeriu que foi tirado da DFRV por sua atuação repressiva contra autopeças que receptam veículos furtados e roubados. "Salvo melhor juízo, a mesma [a transferência] está relacionada com a maneira enérgica com que tenho agido contra os donos de autopeças, que são com toda a certeza, quem fomentam o crime de furto e roubo de veículos", afirma, na nota enviada na quarta.

Único citado nominalmente por Machado no texto, o delegado Luiz Carlos de Oliveira rechaçou na quarta-feira existir qualquer esquema que pudesse beneficiar desmanches e receptações de veículos na capital e região metropolitana. "Cada um fala o que quer e depois arca com as consequências. Isso é mentira dele, nunca existiu", ressalta.

Oliveira classificou Machado como uma pessoa "perigosa" e "mentirosa", na quarta-feira, e negou ainda que tenha havido reunião entre os dois para que investigações sobre autopeças não fossem adiante. "Nunca teve nada disso. Esse cara é louco [sic]", disse. "Ele vai responder por isso. Ele vai responder não sei de qual forma. Acho que de todas as formas. Ele está falando inverdades", esbravejou.

O chefe da Divisão de Crimes Contra o Patrimônio não deixou claro os motivos que levaram à transferência de Machado, mas deu a entender que a alteração obedeceu a critérios técnicos. "No hipismo é preciso haver uma sintonia muito boa entre cavalo e cavaleiro. Na atividade policial deve ter um bom conjunto profissional e de homens. Quando um não anda direito tem que tirar. Acredito que ele deve saber por que saiu. Deve saber dos problemas que ele teve", diz.

Delegado-geral vai investigar denúncias

Por meio de nota emitida no início da noite desta quarta-feira, o delegado-geral da Polícia Civil, Marcus Vinícius Michelotto informou que a Corregedoria da corporação deve investigar as denúncias de Machado. O chefe da Polícia Civil determinou que Machado seja ouvido "de forma imediata sobre as denúncias relativas ao trabalho feito com lojas de autopeças". O delegado-geral ressalta que pediu rigor na apuração.

Pela manhã, o delegado-geral havia divulgado outra nota, afirmando que as mudanças ocorreram de "maneira absolutamente tranquila e rotineira" e que as trocas ocorreram para "dar uma oxigenada" na Polícia Civil.

Outras transferências

No total, dez delegados foram remanejados pelo comando da Polícia Civil nesta quarta-feira. Veja quais foram os delegados transferidos.

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