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Curitiba

Repasse extra da Urbs a empresas é paliativo e não impedirá alta na tarifa

Pagamento do 13.º de motoristas e cobradores impediu uma greve total do sistema, mas aumento de custos indica que uma nova alta na tarifa vem por aí

Passageiras esperam ônibus no terminal do Boqueirão.  Desta vez, fim da greve veio rápido. Mas a espera pela solução definitiva será longa. | Henry Milleo/Gazetea
Passageiras esperam ônibus no terminal do Boqueirão. Desta vez, fim da greve veio rápido. Mas a espera pela solução definitiva será longa. (Foto: Henry Milleo/Gazetea)

O repasse extra de verba da Urbs – R$ 2,5 milhões do fluxo de caixa habitual mais R$ 2,5 milhões de adiantamento da prefeitura de Curitiba – para as empresas de transporte coletivo de Curitiba pagarem o 13.º salário de seus funcionários impediu uma paralisação total do sistema na terça-feira (1.º), mas seu efeito é paliativo. Até o fim desta semana, as duas partes seguem discutindo medidas para sanear a questão financeira, ao menos em um futuro breve. O problema persiste porque a conta não fecha: inflação em alta significa aumento de custos de insumos; e a tendência de queda de passageiros diminui a arrecadação do sistema.

A Gazeta do Povo fez uma projeção do possível reajuste do valor de dois insumos que pesam muito na composição da tarifa técnica: combustível e custo com pessoal. Por meio desse cálculo, a tarifa técnica, que é a remuneração das empresas, já estaria em R$ 3,39 – acima dos R$ 3,30 pagos pelo usuário. Ou seja, o valor pago pelo passageiro não cobre o custo do sistema.

Para o valor do diesel, foi aplicado um reajuste de 10,15%, considerando o preço médio do diesel S10 medido pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) entre janeiro e novembro. Já em relação aos custos com salários e encargos, foi aplicada a variação do INPC, considerando a inflação acumulada entre fevereiro e outubro deste ano, estimada em 7,48%. O que pode diminuir a conta é o custo com amortização dos veículos, já que muitos estão com a vida útil vencida – este ano, o item teve uma redução de quase 30% na comparação com o ano anterior.

“A passagem vai aumentar, com toda a certeza. Nós tivemos aumento nos combustíveis, pneus e outros insumos que compõem a tarifa técnica e teremos, também, o reajuste dos trabalhadores. Obviamente, isso vai refletir em um aumento de custos e essa conta precisa ser paga”, disse o presidente da Urbs, Roberto Gregório da Silva Junior, durante reunião no Ministério Público do Trabalho (MPT), na terça-feira (1.º).

Outro ponto que influencia – e muito – na conta da tarifa é a quantidade de passageiros transportados. Para compor a tarifa técnica deste ano, foi considerada uma queda de 3,69% neste número, de acordo com a Urbs. Embora o órgão não tenha divulgado uma projeção dos passageiros, Gregório admite que há uma tendência de queda. “A questão de queda de passageiros é um fenômeno que tem acontecido no Brasil inteiro. Curitiba é a cidade que mais carro possui por habitante. Some-se a isso a situação econômica e quedas [do número de usuários] vão existir. Todas as alterações de passageiros deste ano serão consideradas no ano que vem.”

É com esse cenário que poder público e empresas vão trabalhar nos próximos meses, até o fatídico 26 de fevereiro, data estipulada em contrato para o reajuste do salários de motoristas e cobradores e da tarifa técnica. Até lá, uma calmaria para se discutir e chegar a um acordo não faria mal a ninguém.

Veja fotos da terça-feira (1.º) de greve parcial em Curitiba e região

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