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Ensino superior

Reuni chega ao fim sem ter cumprido metas importantes

Universidades federais do Paraná não alcançaram a taxa de conclusão de curso determinada pelo programa federal. Ao mesmo tempo, receberam menos recursos que o prometido

 | Henry Milleo/ Gazeta do Povo
(Foto: Henry Milleo/ Gazeta do Povo)

Concluído oficialmente em dezembro do ano passado, o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) terminou sem que as universidades recebessem nem metade dos investimentos prometidos pelo governo federal e, no fim das contas, nem todas as metas colocadas pelo Ministério da Educação (MEC) foram cumpridas pela UFPR e UTFPR, as duas beneficiadas pelo programa no Paraná. Mesmo assim, ambas garantem: o saldo da experiência é positivo, pelas melhorias na estrutura física, pela contratação de professores e pelo aumento de vagas de graduação e pós-graduação – superior ao previsto no edital de abertura do Reuni, em 2007.

O programa foi instituído pelo governo federal como uma forma de reduzir as taxas de evasão dos alunos, ampliar a ocupação de vagas ociosas e o número de ingressantes nos cursos, especialmente no período noturno, além de incentivar a pós-graduação. O Reuni previa que recursos adicionais seriam liberados pelo MEC de acordo com o cumprimento gradual de metas pelas instituições de ensino superior.

Com a previsão de um orçamento de quase R$ 7 bilhões a serem aplicados nas universidades federais até o fim de 2012, o programa investiu bem menos que o prometido no Paraná. Na UTFPR, a previsão era que, entre 2009 e 2012, seriam aplicados quase R$ 223,5 milhões. Ao todo, o investimento foi menos da metade disso (R$ 101,7 milhões). Na UFPR, a diferença é ainda maior: dos R$ 226,7 milhões previstos, apenas R$ 38,3 milhões foram liberados, segundo dados do Portal da Transparência do governo federal.

Mesmo com diferenças no orçamento, para o vice-presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Edward Madureira, o Reuni foi o mais importante programa da história das universidades federais brasileiras. "Claro que houve ‘acidentes de percurso’, mas o programa foi histórico pela consolidação da infraestrutura, contratação de pessoal e, principalmente, pelo avanço na pós-graduação e na ‘interiorização’ das universidades, com a presença mais maciça em cidades menores e regiões do Nordeste, Centro-Oeste e Norte."

Contrapartida

Além de o governo federal ter repassado menos recursos do que o prometido, as universidades não cumpriram todas as metas determinadas pelo Reuni. As taxas de conclusão de curso, por exemplo, ficaram muito abaixo do esperado. Na UFPR, o índice deveria ser de 91% em 2011, mas ainda estava em 78% em 2010 (dado mais recente repassado pela universidade). Na UTFPR, a taxa era de 21% em 2011.

Ainda assim, o vice-reitor da UTFPR, Luiz Alberto Pilatti, garante que os resultados são dignos de comemoração. "Depois de muitos anos de avanços menores, conseguimos uma expansão que não era imaginável. Graças ao Reuni, tivemos um crescimento superior a 40%", afirma.

Novos objetivos devem ser traçados

Para o coordenador do Reuni na UFPR, Adriano do Rosário Ribeiro, os principais resultados na Federal são o aumento acima do esperado no número de cursos e vagas de graduação e pós-graduação, a expansão nos programas de bolsa e a ampliação da taxa de diplomação e relação aluno/professor. "O Reuni é só um dos programas com os quais contamos. Somado com outros incentivos, ele foi capaz de expandir nossa estrutura além do que era previsto. O câmpus Palotina, por exemplo, só contava com o curso de Medicina Veterinária e agora tem seis cursos de graduação."

A partir dos avanços vindos do Reuni, novas metas devem ser traçadas de agora em diante e não se descarta a criação de novos programas de incentivo. "A expectativa é que a expansão continue e novos ‘Reunis’ venham por aí. O PNE [Plano Nacional de Educação] fala em 30% dos jovens na educação superior, então ainda temos um longo caminho a traçar", explica o vice-presidente da Andifes, Edward Madureira.

Para Madureira, alguns pontos ainda precisam ser contemplados, como a recomposição do quadro de técnicos-administrativos e a correção de assimetrias regionais.

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