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Paraguai

Reunião ministerial vai analisar conflito com os brasiguaios

O Gabinete Civil da Presidência do Paraguai convocou para hoje uma reunião de diversos ministérios para tentar solucionar o litígio sobre 167 mil hectares de terras, boa parte ocupada por "brasiguaios", brasileiros que se instalaram no país vizinho. Os "carperos", grupo de sem-terra paraguaios, alegam que essas terras foram ocupadas ilegalmente e querem a retirada dos brasiguaios e a utilização delas para reforma agrária. O anúncio da comissão ministerial diminuiu o clima tenso dos últimos dias, mas a ameaça de invasão ainda é forte em Alto Paraná, província paraguaia na fronteira com o Brasil.

Na madrugada de ontem, Rosalino Casco, um dos líderes dos "carperos", convocou homens, mulheres e crianças para a última reunião antes da invasão da fazenda do brasileiro Tranquilo Favero, apontado como o maior produtor de soja do Paraguai e acusado de estar nas terras em litígio. A promessa de uma definição sobre a área pelo governo paraguaio afastou temporariamente o ímpeto de invasão no acampamento Santa Lucía, na cidade de Ñacunday, onde cerca de 7 mil pessoas estão acampadas sem água, energia elétrica e com pouca comida.

"Vai haver uma análise integrada entre as diferentes instituições que tem algum tipo de jurisdição neste tema de maneira a termos uma só posição sobre este caso", disse Miguel López Perito, chefe do Gabinete Civil da presidência paraguaia. Outro líder dos "carperos", Victoriano López, diz que não há invasão programada, mas que os acampados não abrem mão das terras em litígio porque entendem que elas são por direito do povo paraguaio e que o clima de tensão pode levar a atitude extremas de alguns grupos.

Desocupação

Um dos fatores que contribui para o clima de insegurança e tensão é a possibilidade de desocupação e reintegração de posse da área em que o acampamento está instalado, no limite de duas fazendas de brasileiros. Jornais paraguaios destacaram ontem que policiais estiveram no acampamento fazendo levantamento para organizar uma possível reintegração de posse, determinada pela Justiça paraguaia dia 19 de dezembro.

Porém, para realizar a desocupação o governo paraguaio usa dois policiais para cada pessoa acampada e pede a presença de integrantes de co­­missões de Direitos Humanos e Direitos da Criança. Até o fim da tarde não havia mobilização policial para cumprir a ordem de reintegração.

O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, pediu ao embaixador do Brasil no Paraguai, Eduardo Santos, que obtenha garantias de segurança do governo de Fernando Lugo para os brasiguaios.

Colaborou Fabíula Wurmeister, enviada especial ao Paraguai.

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