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Ana Cecília: a ABNT se comprometeu a definir uma data para análise da proposta em no máximo dois meses | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Ana Cecília: a ABNT se comprometeu a definir uma data para análise da proposta em no máximo dois meses| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

A pesquisa

Veja como a advogada Ana Cecília Parodi desenvolveu a pesquisa que mostra quanto de papel é consumido na produção de monografias, dissertações e teses:

Objeto

Foram considerados todos os cursos de graduação e de pós-graduação lato e stricto sensu. Não existem dados oficiais sobre a produção de monografias, dissertações e teses desenvolvidas no país. Então, ela considerou o número de concluintes dos cursos que, presume-se, tiveram de entregar estes trabalhos.

Cálculo

Foram consideradas as seguintes informações: número de concluintes; cem folhas por trabalho científico; uma via por aluno; 500 folhas por resma; 20 resmas por árvore; 1,7 mil árvores por hectare (considerando o eucalipto).

Variáveis

Também foi calculado o número de vias entregues do trabalho: graduação presencial (quatro); graduação à distância (uma); pós lato (uma); pós stricto (cinco).

Quando

Os períodos considerados foram: graduação presencial (1980 a 2006); graduação à distância (2001 a 2006); pós lato presencial (2000 a 2007); pós lato à distância (2003 a 2007) e pós stricto (1999 a 2006).

Máquinas

Sobre o fato de terem sido computados períodos em que não era exigido o trabalho de conclusão para todos os cursos, a advogada lembra que neste mesmo período os trabalhos eram feitos usando máquinas de escrever. Nessa situação, diz ela, o consumo de papel era muito maior porque não tinha como serem feitas correções e quando havia erros a folha tinha de ser descartada.

Você já pensou em quanto papel deixaria de ser usado se as monografias, dissertações e teses feitas pelos estudantes de graduação e pós-graduação pudessem ser impressas na frente e no verso das folhas? A advogada Ana Cecília Parodi, aluna do Mestrado de Direito Econômico e Socioambiental da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), pensou e fez as contas. Ela considerou também os cadernos e as fotocópias e chegou à conclusão de que, entre 1980 e 2007, quase 1 milhão de árvores foram derrubadas para a produção desse papel. Isso quer dizer que foram cortados 588 hectares de florestas, o equivalente a 800 campos de futebol.

A impressão somente na frente da folha é uma recomendação da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), seguida pelas instituições de ensino. A associação também estabelece que o aluno deve usar papel branco. Ciente de que a mudança depende da revisão de uma norma, a advogada decidiu propor a mudança à ABNT. "Todos estamos na zona de conforto e não é todo dia que se encontra quem esteja disposto a sair dela", afirma. Ana Cecília procurou a entidade e no pedido de revisão sugeriu o uso da frente e do verso das folhas, além de incluir a opção pelo uso do papel reciclado.

A pesquisa da aluna foi apresentada na última sexta-feira para a ABNT. Quem participou da reunião foi a professora Fabiane Lopes Bueno Netto Bessa, responsável pelo grupo de pesquisa Desenvolvimento Sustentável, Responsabilidade Social das Empresas e Cidades, da PUCPR, que co-orienta o trabalho de Ana Cecília junto com o professor Carlyle Popp, da UniCuritiba. Ele lidera o grupo de pesquisa Liberdade de Iniciativa e Dignidade Humana: Inclusão e Sustentabilidade. Segundo Fabiane, a ABNT se comprometeu a definir uma data para votar a reforma proposta em no máximo dois meses. "Eles disseram que nesse prazo terão o cronograma do que será discutido em 2009 e então saberemos quando eles vão debater a nossa proposta", completa.

A professora diz que a apresentação da sugestão de mudança da norma foi bem recebida durante a reunião de trabalho da ABNT. De acordo com ela, todos ressaltaram que a revisão de normas ocorre justamente a partir de demandas sociais. Muitas mensagens foram enviadas para a ABNT reforçando a proposta de Ana Cecília e isso deu mais legitimidade ao pedido, explica Fabiane.

De acordo com Ana Cecília, há vários motivos para a revisão: a preocupação com o meio ambiente, a necessidade de identificar formas de mudar o modelo atual de produção e consumo, a importância de as instituições de ensino provocarem a reflexão e a busca de soluções para os problemas sociais e o papel da ABNT na promoção de mudanças e indução de comportamentos socioambientalmente corretos. Com a mudança da norma, lembra Ana Cecília, haverá a redução imediata do consumo de papel pela metade e como conseqüência a redução do desmatamento e a garantia de sustentabilidade para as próximas gerações.

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Serviço

Para informações sobre a pesquisa e manifestação de apoio à mudança da norma o contato pode ser feito pelo e-mail reforma14724abnt@yahoo.com.br.

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