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Quinze anos depois de ter sido acusado de participar do assassinato do agricultor sem-terra Sebastião Gomes, o ex-presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Marcos Prochet, irá a júri popular nesta sexta-feira (22) no 2º Tribunal do Júri de Curitiba. O ruralista já havia conseguido adiar o julgamento outras duas vezes, em anos anteriores. Desta vez, os pedidos foram negados e o julgamento começa às 13h.

O assassinato aconteceu em 1998, em um despejo ilegal na cidade de Marilena, no noroeste do estado. Um grupo de pistoleiros chegou a uma fazenda ocupada pelo Movimento Sem Terra e mandou todos se deitarem. Sebastião tinha um problema cervical e não pôde cumprir a ordem. Ele foi morto a tiros. A vítima tinha 65 anos.

Segundo a ONG Terra de Direitos, outras 17 pessoas ficaram feridas, inclusive crianças. O latifúndio onde ocorreu o despejo já havia sido declarado improdutivo pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). A terra foi desapropriada em 2001 e hoje, no local onde houve o crime, há um assentamento do MST que foi batizado em homenagem a Salgado.

Outras duas pessoas foram condenadas por participação no assassinato. O ex-proprietário da fazenda, que recebeu R$ 1,3 milhão com a desapropriação, foi condenado a seis anos de prisão por homicídio simples. Outro envolvido foi condenado a 13 anos de prisão por homicídio qualificado e constituição de empresa de segurança privada – ele teria recrutado jagunços para fazer os despejos ilegais. Um terceiro envolvido foi absolvido.

O advogado de Prochet, Roberto Brzezinski Neto, foi procurado pela reportagem. A informação recebida é de que ele estaria em uma reunião e não poderia falar com a imprensa durante todo o dia.Tempos violentos

Pelas contas da Comissão Pastoral da Terra, 19 trabalhadores sem-terra foram assassinados no Paraná entre 1994 e 2009. O período mais agressivo foi durante o governo Jaime Lerner. Entre 1994 e 2002, 16 sem-terras foram mortos e há registro de outras 31 tentativas de assassinato, 49 ameaças de morte, sete casos de tortura, 134 despejos e 325 feridos em conflitos de terra, além de mais de 500 prisões arbitrárias, diz a Comissão.

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