As Santas Casas e os 83 hospitais filantrópicos de todo o Paraná fazem uma paralisação de advertência de 24 horas nesta terça-feira. O protesto pretende pressionar o Ministério da Saúde para que o órgão mude sua postura em relação aos valores pagos por atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Os atendimentos de urgência e emergência não serão prejudicados pela paralisação. Contudo, exames laboratoriais e cirurgias que podem ser adiadas, serão transferidos. Funcionários de vários hospitais passaram a segunda-feira telefonando para pacientes para remarcar as consultas agendadas para esta terça-feira.
Cada instituição vai protestar individualmente. Na Santa Casa de Curitiba, segundo o diretor Carlos Roberto Seara, os atendimentos não serão prejudicados. Funcionários distribuirão informativos para a população para explicar os objetivos do movimento. A adesão deve muito grande no interior do estado. Cidades como Londrina, no Norte do estado, Maringá, Noroeste, e Guarapuava, região Central, já confirmaram a paralisação.
Segundo a Federação dos Hospitais do Paraná (Fehospar), nos últimos 20 anos foram fechados ou descredenciados do SUS 150 hospitais em todo o Paraná, o que representa uma redução de 15.000 leitos. "Tudo isso é reflexo do descaso do Ministério da Saúde em relação ao repasse do dinheiro do SUS. Há dez anos não acontece um reajuste significativo e alguns atendimentos têm uma defasagem de 300% nos valores pagos", disse José Francisco Schiavon, presidente da Fehospar.
O movimento será nacional e deve atingir 100% das 3.000 Santas Casas e hospitais filantrópicos do país. O repasse dos valores do SUS representa para os hospitais um déficit de 40% no balanço financeiro. "A cada R$ 100,00 gastos pelos hospitais com atendimentos, apenas R$ 60,00 são repostos pelo SUS. Para a realização de um parto, por exemplo, o hospital recebe apenas R$ 300,00, mas gasta o dobro desse valor", afirmou o presidente da Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Paraná (Femipa), Charles London.
O aumento nos valores de remédios, tributos e com a folha salarial da categoria aumentam constantemente. "É isso que mais nos prejudica. Hospitais estão fechando gradativamente, mas os valores do SUS nunca mudam na mesma proporção que crescem os nossos gastos", disse London.
A presidente do Sindicato dos Empregados dos Estabelecimentos de Serviços da Saúde de Curitiba e Região, Isabel Cristina Gonçalves, acha que existem outros problemas além dos reajustes dos valores repassados pelo SUS. "Antes de brigar por isso, os hospitais deviam se preocupar em oferecer uma administração transparente, que mostre como os valores repassados pelo governo e doados pela população são utilizados", disse.
Ponta Grossa
A Procuradoria de Justiça de Defesa da Saúde Pública de Ponta Grossa, nos Campos Gerais, ingressou com uma ação civil pública, nesta segunda-feira, para tentar impedir a paralisação dos três hospitais filantrópicos da cidade. O promotor Fuad Faraj, responsável pela ação, afirmou entender as necessidades das instituições, mas discorda dos métodos de manifestação utilizados.
Segundo a assessoria do Ministério Público, a ação pretende apenas garantir à população o direito ao acesso à saúde. Na ação, o promotor sugere multa diária de R$ 50 mil para quem descumprir a decisão.
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