Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
História

Santuário ecumênico do Norte Pioneiro precisa de restauro para não desaparecer

Ação do tempo está consumindo lentamente uma parte da cultura de Guapirama

Tabucchi escreveu 25 livros, um deles, Réquiem, em português | Divulgação
Tabucchi escreveu 25 livros, um deles, Réquiem, em português (Foto: Divulgação)

Guapirama, cidade de pouco mais de 4 mil habitantes no Norte Pioneiro, está prestes a perder parte de sua história. A ação do tempo e a falta de conservação já destruíram 10 das 34 estátuas de barro e cimento erguidas no início da década de 1970 pelo imigrante japonês Kanekuma Warikoda. O lugar, conhecido como Santuário de Warikoda, mistura várias crenças religiosas, sobretudo o cristianismo e o budismo. O idealizador teria sido integrante de uma seita oriental e recebido a missão de construir locais de oração e meditação.

Warikoda começou a cumpri-la depois de criar os filhos, que passaram a administrar a chácara de cinco hectares da família, vendida mais tarde por causa de dívidas. O imigrante incorporou na obra muito da influência cultural brasileira. Esculturas do Cristo Redentor e de Nossa Senhora Aparecida revelam a miscigenação da cultura religiosa. Além de um gigantesco Buda, ele esculpiu divindades orientais, todas ligadas à proteção da vida, do meio ambiente, das culturas agrícolas, fontes de água, entre outros.

Hoje, porém, as estátuas sofrem com a ação do tempo e se não houver uma intervenção rápida, todo o patrimônio poderá se acabar. As 24 restantes só estão de pé graças ao trabalho voluntário do contador Éder Nogueira Sales e do funcionário público Amauri Corrêa de Almeida, que juntos criaram a organização não-governamental Chácara Buda, para fazer a manutenção do local com recursos próprios.

Em 2002, os dois chegaram a organizar um mutirão que mobilizou parte da comunidade. O local foi limpo, as estátuas foram recuperadas e o espaço ganhou infra-estrutura para receber visitantes. "Eu gostaria que esse local se tornasse público, para que as crianças pudessem vir aqui conhecer a história dessas estátuas. Mas nós não temos condições de tomar conta sozinhos", diz Éder.

Quando eles resolveram restaurar o local, as estátuas estavam cobertas pelo capim e pisoteadas pelo gado. Segundo ele, hoje uma restauração seria até mais fácil porque, mesmo com a ação do tempo, as estátuas ainda estão em pé. "Depois seria necessário só uma manutenção. O gasto não seria muito alto."

O prefeito de Guapirama, Eduí Gonçalves, disse estar disposto a discutir um projeto de revitalização que abra o local à visitação pública. Ele sugere um plano para buscar recursos nos governos federal e estadual. "Nunca quis me antecipar porque respeito a autonomia da ONG, mas tenho consciência da importância histórica daquele local", diz o prefeito.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.