As tradicionais festas juninas ganharam nos últimos anos outra função além de divertir pais e alunos e divulgar a cultura brasileira. Elas se tornaram uma importante fonte de renda para escolas públicas. A mobilização de professores e familiares faz com que a comemoração arrecade verbas adicionais às garantidas pela Secretaria Estadual de Educação e garanta objetos como copiadoras e projetores multimídia. O São João se tornou um banco que garante a realização de aulas mais dinâmicas e atividades extracurriculares.
Na Escola Estadual Ângelo Trevisan, no Cascatinha, em Curitiba, as festas juninas ajudam na arrecadação há 15 anos. Neste ano, a festa realizada no último fim de semana gerou um montante bruto de quase R$ 40 mil. Tirando os gastos, são aproximadamente R$ 25 mil que a escola terá para investir. O dinheiro fica em uma conta da Associação de Pais e eles decidem em conjunto com os professores e funcionários como será feito o investimento. A expectativa é que o colégio possa instalar lousas digitais em todas as salas.
Os anos de comemoração no colégio já renderam copiadoras, computadores, projetores, livros e a construção de mais quatro salas de aula. O local atende 400 alunos de 6 a 12 anos. Os preparativos começam antecipadamente e, nas palavras da diretora Antônia Maria Dezan, o clima junino invade a escola. "Procuramos sempre fazer o melhor. As crianças se sentem parte do processo. A comunidade nos ajuda e respeita nosso trabalho. Por esse conjunto é que alcançamos estes resultados". Na última festa foram 2 mil convidados.
Professores e a diretora afirmam que a receita do sucesso é o diálogo com a comunidade. Na época da festa, professores batem perna no comércio local em busca de patrocínio e quase sempre são bem-sucedidos, porque o colégio já é um patrimônio do bairro. A professora Sônia Maria Branco diz que a verba extra faz a maior diferença na sala de aula. "Não passamos apuros. Se surge um livro que precisamos comprar com um urgência, sabemos que teremos." E para as escolas que acham impossível seguir o exemplo de Antônia e sua equipe, ela dá a dica. "Na minha primeira gestão como diretora, em 1998, arrecadamos R$ 1,6 mil. Com o tempo, tornamos a festa uma tradição. Os pais sabem que vêm aqui e será só diversão."
Em outras escolas, mesmo com a arrecadação não atingindo números tão altos, a festa junina é bem-vinda. Além de ser um espaço de convivência, é um oportunidade de abrir o espaço escolar para a comunidade. Na Escola Estadual Aline Picheth a festa junina é uma tradição no bairro. Localizada no Centro Cívico, o evento atrai pessoas pessoas que moram no entorno do local e que muitas vezes nem têm mais filhos matriculados na instituição. A arrecadação não é como na Ângelo Trevisan, mas ajuda na compra de projetores e notebooks para que os professores tenham mais recursos na sala de aula. "A contribuição da comunidade auxilia nas atividades extracurriculares e a aproxima da sala de aula", afirma a diretora Patrícia Sade.
Na Escola Municipal Caramuru, no Boa Vista, acontece o mesmo. A comemoração junina já ajudou a comprar copiadoras e material de escritório. Para este ano a previsão é poupar R$ 1 mil e renovar a máquina copiadora. Já no Colégio Estadual do Paraná, a festa não acontece há cinco anos. Como a localização do colégio é central, o evento atraía muitos jovens que ingeriam bebidas alcoólicas no lado de fora da escola, mas a confusão ocorria sempre do lado de dentro dos muros. Por isso hoje a comemoração é somente interna.



