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Arquitetura

Saúde começa na construção da casa

Materiais usados em edificações influenciam o bem-estar dos moradores. Uso coletivo do espaço público deixa bairros mais saudáveis

Bairros também podem se transformar em locais mais saudáveis pelo uso de áreas públicas | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Bairros também podem se transformar em locais mais saudáveis pelo uso de áreas públicas (Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo)

Você sabia que a forma como uma casa foi construída tem influência direta sobre a saúde e o bem-estar dos moradores? Embora já se pense muito na sustentabilidade de edificações e projetos urbanos – com foco em aspectos econômicos, ambientais e sociais –, pouco ou quase nada se fala sobre o efeito de casas, bairros e cidades sobre a saúde das pessoas. "Segundo a Organização Mundial da Saúde, 30% dos edifícios no mundo causam doenças nas pessoas", diz o presidente do Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas no Estado do Paraná (SindArq/PR), Ormy Hütner Junior. Para trazer o assunto à pauta, a entidade promoveu o encontro Cidades Saudáveis e Sustentáveis: os efeitos da ocupação desordenada no bem-estar da sociedade, encerrado ontem em Curitiba.

"Existe muita bibliografia sobre sustentabilidade, mas o que é saudável ninguém discute", reforça Hütner Junior. Segundo ele, a influência das edificações na saúde dos moradores é mais conhecida no hemisfério norte, onde o frio obriga a existência de construções mais fechadas. A engenheira de edificações e técnica em arquitetura Maria Figols González, de Zaragoza (Espanha), recorda que o corpo humano é um organismo que, ao longo do tempo, se adaptou às condições naturais. "É preciso que ele funcione da maneira mais natural possível, sem influências externas que possam prejudicá-lo. E há muitas tecnologias de alta frequência, substâncias tóxicas e outros elementos que trazem danos a nós e ao meio ambiente."

Além da parte física (que observa elementos como radiação, radioatividade), uma construção saudável tem foco em aspectos biológicos (umidade, mofo e proliferação de bactérias, que podem ser sinal de mau planejamento da obra) e químicos (que tipo de materiais e tintas serão usadas em paredes e mobiliários). "Se você compara com uma casa feita com os materiais mais baratos do mercado, o custo é realmente mais alto. Mas, nesta conta, não estão os gastos futuros com médico", pondera Maria. A ideia, diz ela, não é aumentar a longevidade do morador, mas proporcionar-lhe uma vida mais tranquila. "A casa é o lugar de regeneração, descanso. O objetivo é buscar o bem-estar e a felicidade."

Bioconstrução

Durante o evento, Maria falou sobre princípios da bioconstrução, aplicados aos bairros, o que pressupõe o comprometimento dos moradores. "É uma arquitetura reconciliadora, que busca harmonizar cultura, ser humano e natureza, respeitando as realidades locais." Na hora do planejamento, além da escolha de locais sem perturbações naturais no solo ou proximidade com fontes de ruídos, é importante garantir proximidade de serviços e transporte público de qualidade.

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