Em três anos, entre 2004 e 2007, a saúde das mulheres brasileiras piorou. Em pesquisa feita pela SulAmérica Seguro, com 29 mil pessoas, cerca de 7 em cada 10 mulheres brasileiras que trabalham fora de casa são sedentárias e mais de 50% delas se sentem estressadas. Quanto aos exames de rotina, como o de câncer de mama, o porcentual de mulheres que deixaram de fazer pulou de 15,4% para 20%. Do total de pessoas entrevistadas, 42% são do sexo feminino e têm entre 29 e 39 anos.
De acordo com o ginecologista e diretor clínico da Maternidade Alto Maracanã da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), José Sebastião da Silva Neto, o que mais influencia nesses resultados são fatores comportamentais, que mudaram bastante na mulher nos últimos anos. "Como a mulher tem assumido diversos papéis e tem menor tempo para cuidar de si, ela acaba negligenciando cuidados com seu próprio corpo. Além disso, a mulher de hoje bebe e fuma mais, o que influencia muito", diz.
Outro dado relevante da pesquisa é que em três anos o número de mulheres com alto colesterol aumentou 12%, assim como o sobrepeso, que de 27,1% foi para 34,7%. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a falta de exercício físico é responsável por cerca de 2 milhões de mortes por ano no mundo e 22% dos casos de diabetes, câncer de mama, de cólon e de útero. "Ainda existe muita falta de informação em relação aos exames preventivos. Temos campanhas, mas elas são insuficientes. Falta informação nas escolas, principalmente hoje quando os adolescentes iniciam suas atividades sexuais muito cedo. É preciso lembrar que doenças como câncer de colo de útero são sexualmente transmissíveis", explica o ginecologista.
A seguradora também fez uma pesquisa com 11 mil pessoas que fazem parte do Programa de Monitoramento de Doenças Crônicas. Dos entrevistados, foi constatado que dos que possuem propensão para desenvolver depressão, 72% são mulheres.
Risco
O estresse é causador de muitas doenças, entre elas as cardíacas, que na pesquisa aparecem com alta incidência nas mulheres. Com muitas atividades ao mesmo tempo, o cansaço aumenta e com ele, os problemas de saúde. Para Silva Neto, o maior consumo de cigarro e álcool eleva problemas no coração e auxilia no aparecimento do diabetes.
Já o câncer de mama e de útero, doenças exclusivamente femininas, estão não só ligadas à falta de prevenção como a fatores ambientais e externos. "As meninas hoje menstruam mais cedo, o que aumenta a incidência do câncer de mama. A ingestão de carne vermelha, fumo e bebida alcoólica também contribuem, assim como o estresse", diz o médico.
Já no câncer de útero, a dedicação ao trabalho e estudo e a conseqüente opção por ter filhos mais tarde são significativos para provocar a doença. "Primeira gestação tardia e falta de amamentação contribuem. Hoje o câncer de útero é a segunda doença que mais mata as mulheres. Só perde para o de mama", comenta Silva.



