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Clima

Seca e “neve” no adeus do inverno

Bombeiros controlam fogo em parque de Brasília, que decretou situação de emergência. Em Guarulhos, chuva de granizo deixou uma paisagem de nevasca

Avião despeja água no combate ao incêndio no Parque Nacional de Brasília: fogo consumiu 32% da área | Daniel Castelano / Gazeta do Povo
Avião despeja água no combate ao incêndio no Parque Nacional de Brasília: fogo consumiu 32% da área (Foto: Daniel Castelano / Gazeta do Povo)
Moradores de Guarulhos posam para foto ao lado de boneco de gelo: fenômeno atípico surpreendeu a cidade |

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Moradores de Guarulhos posam para foto ao lado de boneco de gelo: fenômeno atípico surpreendeu a cidade

Estiagem na capital federal e "nevasca" na Grande São Paulo. O inverno brasileiro mostrou ontem as suas variações com a ocorrência de fenômenos climáticos surpreendentes, mas perfeitamente naturais para um país com dimensões continentais como o nosso. Enquanto a capital Brasília passava pelo primeiro dia em situação de emergência por causa da seca, a cidade de Guarulhos (SP) foi surpreendida por uma forte chuva de granizo que cobriu casas, carros e ruas de branco.

"Chover granizo nesta época do ano é normal, mas não com a força que teve hoje [ontem]’’, disse o meteorologista Michel Pantera, do Centro de Gerencia­mento de Emergências da prefeitura de São Paulo. A previsão inicial de chuva em Guarulhos, segundo fontes meteorológicas, era de cinco milímetros (mm). No entanto, a tempestade de granizo, que começou por volta das 16 horas e durou cerca de uma hora, foi de 27 mm – cinco vezes mais.

Distante mil quilômetros, o Distrito Federal completou 118 dias sem chuva. A baixa umidade relativa do ar, inferior a 20%, tem causado incêndios recordes em parques e áreas de proteção. A situação levou o governador Rogério Rosso a decretar emergência ambiental, que deve vigorar por 60 dias.

Apenas na madrugada de ontem foi controlado o fogo no Parque Nacional de Brasília, após destruir uma área de 13,5 mil hectares, o equivalente a pouco mais de 32% da área. O Corpo de Bombeiros investiga se o incêndio foi causado por uma "rave" na vizinhança do parque. Segundo nota oficial, uma perícia será feita na região da Granja do Torto, em busca de pistas sobre a origem do fogo. Ontem, cerca de 50 brigadistas do Instituto Chico Mendes continuavam o trabalho de rescaldo.

Em Goiás, um incêndio ainda fora de controle e que completou ontem quatro dias consumiu mais de 26 mil hectares da vegetação da Chapada dos Veadeiros, em Alto Paraíso. A área atingida equivale a cerca de 30% da reserva, que ocupa 66 mil hectares de Cerrado. Segundo Paulo Carneiro, coordenador de Proteção Ambiental do Instituto Chico Mendes, somente um dos três focos de fogo foi controlado. O parque goiano é maior que o do Distrito Federal (possui 66 mil hectares) e conta com um quinto do efetivo deslocado para o combate às chamas em Brasília. O local, porém, sofre com uma dificuldade adicional: o vento forte, que impede a operação de dois aviões e um helicóptero usados no trabalho.

Amazonas

A Defesa Civil do Amazonas deve começar até o fim desta semana a ajuda emergencial a 27.947 famílias atingidas pela seca nas calhas do Rio Solimões e seu afluente, o Rio Juruá. São mais de 122 mil pessoas em 18 municípios que já decretaram situação de emergência e mais de metade está isolada sem acesso sequer por canoas às comunidades.

O Rio Negro, que banha Manaus, continua descendo, mas o Solimões está subindo cerca de 30 centímetros por dia desde a semana passada. Não é suficiente ainda, contudo, para normalizar a vida dos ribeirinhos. "Só em até três semanas o efeito da subida das águas do Solimões poderá ser sentido nas águas do Rio Negro", disse o superintendente do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) no Amazonas, Marco Oliveira.

Na última segunda-feira, o Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas emitiu parecer favorável à consulta do governo estadual para a ajuda aos ribeirinhos, por causa da proibição de distribuição de bens à população em período eleitoral. A lei já prevê a exceção em situação de emergência, mas como o governador Omar Aziz (PMN) é candidato à reeleição, a administração julgou necessária a consulta.

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