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Médicos de 21 estados e do Distrito Federal paralisaram parcialmente as atividades nesta quarta-feira (31), no segundo dia consecutivo de protestos contra as recentes medidas do governo federal ligadas à categoria.

Segundo levantamento da Fenam (Federação Nacional de Médicos), a paralisação atinge profissionais de AC, AM, BA, CE, ES, GO, MA, MT, MS, MG, PB, PR, PE, RJ, RN, RS, RO, SP, SC, SE, TO e o DF.

Em Curitiba e outras cidades do Paraná, a paralisação provocou cancelamentos de consultas e exames pelo segundo dia consecutivo. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e as principais instituições hospitalares da capital confirmaram que a maior parte dos atendimentos eletivos – considerados não urgentes – foi suspensa. Pacientes já internados e que chegaram aos setores de urgência e emergência das entidades foram atendidos normalmente.

Em todo o país, a paralisação ocorre em protesto contra a medida provisória que institui o programa Mais Médicos e os vetos da presidente Dilma Rousseff à lei do Ato Médico. Consultas e cirurgias eletivas foram canceladas em algumas cidades, de acordo com a Fenam. Atendimentos de urgência e emergência estão mantidos.

A paralisação, porém, não cancelou o atendimento em algumas cidades. Em Recife, Fortaleza e Salvador, ele apenas mudou de lugar: foram realizados mutirões e consultas em locais públicos. Durante os atendimentos, os médicos contavam aos pacientes sobre as condições de atendimentos nas unidades e relatavam problemas supostamente causados pela falta de infraestrutura.

Na capital pernambucana, um mutirão no centro ofereceu consultas de graça para a população em cinco especialidades. Segundo o Sindicato dos Médicos de Pernambuco, cem profissionais se revezaram durante seis horas numa espécie de hospital de campanha para atender 510 pacientes nas áreas de pediatria, cardiologia, clínica médica, urologia e dermatologia.

O aposentado José Luiz da Silva, 77, veio de Olinda atrás do tratamento cardiológico que disse não ter conseguido no hospital estadual que é referência na área. "Fui no Procape na quinta-feira (25), esperei o dia todo e não fui atendido. Isso [o sistema público de saúde], para melhorar, precisa muito ainda", afirmou Silva.

A categoria decide hoje em assembleia se a paralisação será mantida ou não. O sindicato não soube informar a adesão ao movimento, mas disse que há grevistas tanto na rede pública quanto na rede privada.

Em Salvador, cerca de 500 profissionais, com o apoio de residentes e estudantes, colocaram 16 estandes no canteiro central de uma avenida e, enquanto atendiam de graça a população, pediam apoio em suas reivindicações e distribuíam panfletos contra o programa Mais Médicos, do governo federal.

"A manifestação deu certo porque Salvador é uma cidade em que menos de 15% das pessoas tem cobertura da atenção básica de saúde, então os estandes ficaram lotados`, diz o presidente do Conselho Regional de Medicina da Bahia, José Abelardo de Menezes.

Em Fortaleza, o Sindicato dos Médicos do Ceará critica ainda a decisão do governo federal de desistir dos dois anos obrigatórios no SUS , anunciados anteriormente, para estabelecer dois anos de residência médica obrigatória, o que atualmente não ocorre. "Atualmente já faltam supervisores nas residências para orientar os residentes. Imagine se resolvem colocar todos os recém-formados de uma vez só na residência", afirmou José Maria Pontes, presidente do sindicato.

Em Manaus, uma assembleia da categoria na noite desta quarta-feira também deve definir os rumos da paralisação. Hoje, durante quase cinco horas, os médicos conversaram com o governador do Amazonas, Omar Aziz (PSD).

"Foi muito proveitoso, o governador disse que vai avaliar nossas reivindicações. Mas ainda esperamos por um encontro com o prefeito [Arthur Virgílio Neto (PSDB)]", disse Mário Rubens Vianna, presidente do Simeam (Sindicato dos Médicos do Estado do Amazonas).

Segundo Vianna, a adesão no Estado chegou a 80%, o que representa cerca de 1.600 médicos, e os serviços de urgência e emergência não foram afetados.

Reivindicações

Na semana passada, médicos de 14 Estados também fizeram paralisações contra o programa Mais Médicos e os vetos presidenciais à lei do Ato Médico.O programa prevê importar profissionais da saúde de outros países e ampliar em dois anos os cursos de medicina. Já os vetos à lei do Ato Médico diminuem a quantidade de ações que devem ser realizadas exclusivamente pela categoria.São Paulo

Cerca de 300 médicos fazem uma manifestação na avenida Brigadeiro Luis Antonio, região central de São Paulo, na tarde de hoje. Segundo a organização do ato, eles vão caminhar até a avenida Paulista, onde vão se encontrar com outros grupos para reforçar a manifestação.

Às 18h, a faixa da via no sentido avenida Paulista estava interditada pelo protesto, o que prejudicou o trânsito na região. No horário, o bloqueio ocorria na altura da rua Conselheiro Ramalho.

Este é o terceiro protesto da categoria desde o início do mês. A principal reivindicação do grupo é contra o Mais Médicos, do governo federal. O programa prevê importar profissionais da saúde de outros países e ampliar em dois anos os cursos de medicina.

Eles também pedem melhores condições de trabalho, aumento da verba destinada ao SUS (Sistema Único de Saúde), abertura de novas vagas de graduação e para residentes em áreas necessitadas do país, entre outros.

A manifestação é pacífica, mas é acompanhada de perto pela Polícia Militar. O carro de som usado pelos manifestantes agitar o protesto carregava um boneco gigante, com peruca e jaleco, para simbolizar a saúde pública.

Os manifestantes entoavam gritos contra o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e a presidente Dilma Rousseff. Eles também carregavam caixões com os rostos deles estampados. Um dos gritos mais entoados era: "Dilma, cai na real, não falta médicos, o que falta é hospital".

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