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O palco da “quase tragédia”: população retomou a rotina pouco depois do tiroteio | Marcelo Elias/Gazeta do Povo
O palco da “quase tragédia”: população retomou a rotina pouco depois do tiroteio| Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo

Seis pessoas, entre elas três adolescentes com idade entre 11 e 15 anos, foram baleadas ontem à tarde na Vila das Torres, bairro Prado Velho, em Curitiba, depois que três homens entraram numa viela e começaram a atirar. Os disparos ocorreram por volta das 14h30, na esquina das ruas Sérgio Dudeck e Guabirotuba, próximo ao Portão 3 do câmpus da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), onde eram realizadas provas do vestibular da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Segundo testemunhas que pediram para não ser identificadas, o tiroteio seria reflexo da guerra entre dois grupos de traficantes que atuam na região – a gangue do "lado de cima" e a do "lado de baixo". A assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Segurança Pública, informou que o caso será investigado pela Delegacia de Homicídios e que, até o fechamento da edição, havia apenas a informação de um baleado – os hospitais Cajuru e Evangélico, porém, confirmaram que os seis baleados deram entrada e permanecem internados.

Entre as vítimas está Marcelo de Oliveira Correa, 20 anos, que estava passando de carro pelo local. Ele recebeu dois tiros na nuca, que ficaram alojados, e está internado no Hospital Evangélico. Segundo a assessoria do hospital, o quadro dele é estável. Além dele, o motociclista Elizeu Rogério de Paulo, 30 anos, que também passava pelo local, caiu da moto quando tentava fugir. Ele foi atendido pelo Samu e foi liberado.

As outras vítimas eram todas moradoras do bairro e foram encaminhadas ao Hospital Cajuru. Os três adolescentes tiveram ferimentos nas pernas – eles estariam se preparando para participar de uma partida de futebol quando a confusão começou. Um deles, de 15 anos, passou por uma cirurgia de averiguação de danos internos, mas passa bem. Além deles, estão no hospital Terezinha de Jesus Santos, 50 anos, ferida no braço, e Márcio Antônio Ertel, 32 anos, que recebeu um disparo nas costas. Várias cápsulas de pistola calibre 380 foram recolhidas pelos moradores.

Segundo testemunhas a tragédia poderia ter sido maior. "Por sorte ninguém morreu e não houve mais feridos. Eles entraram atirando pra valer", disse uma moradora. Após a fuga dos atiradores e a retirada dos feridos, o clima continuou tenso na vila. Em duas ocasiões, a equipe de reportagem da Gazeta do Povo foi intimada a deixar o local – teve o carro balançado e também atingido por pedras. Apesar disso, crianças brincavam tranquilamente na rua, horas depois do tiroteio.

Como medida preventiva, a coordenação do vestibular da Federal determinou que a saída dos candidatos que faziam provas na PUCPR fosse toda feita pe­­lo portão principal. Os outros acessos ao câmpus foram lacrados para manter a segurança dos candidatos.

Violência

A Vila das Torres já foi alvo de uma operação de ocupação pela polícia. Mesmo assim, os registros de casos de violência continuam. Em 28 de julho do ano passado, por exemplo, a Gazeta do Povo publicou matéria mostrando que a disputa de poder entre as duas gangues da Vila das Torres (a do "lado de cima" e a do "lado de baixo") tinha resultado na morte de dois adolescentes e em ferimentos em outros dois. O tiroteio foi dentro do Estádio José Germano da Costa, no bairro Hauer, ao lado do campo da Vila Hauer, durante a final da Copa Boqueirão. A ação ocorreu logo após o veículo da Polícia Militar deixar o estádio, pouco antes da partida terminar.

Os problemas provocados por rixas entre traficantes – que têm os moradores como os principais prejudicados – não ocorrem só na Vila das Torres, mas em várias regiões da capital. No início de outubro, oito pessoas foram mortas – entre elas uma criança de 5 meses que estava no colo da mãe, que voltava da igreja – e duas ficaram feridas, na divisa entre as vilas União e Icaraí, no Uberaba, bairro da zona Leste de Curitiba. Antes da chacina, um carro de som passou avisando que todos os moradores que ficassem na rua ao anoitecer poderiam virar alvo fácil. Muita gente não levou a ameaça a sério e alguns pagaram com a vida.

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