
Um recurso de segurança para o pedestre e um empecilho na fluidez do trânsito, na opinião do motorista. Instalados em 953 cruzamentos de Curitiba, os semáforos estão entre as maiores solicitações da população registrados no serviço 156 da prefeitura. Só neste ano, até o mês de setembro, foram mais de 1.200 pedidos. Apesar do número alto, somente em 5% dos casos a instalação é realmente necessária, de acordo com a diretora de trânsito da Urbs, Rosângela Battistella.
A periferia da cidade foi onde ocorreram mais instalações de semáforos. As obras dos novos binários, da Linha Verde e os cruzamentos com vias rápidas exigiram o uso do equipamento. "Não há como conceber uma cidade sem o uso de semáforos", admite.
Antes de liberar o equipamento solicitado, o setor de pesquisa de estatística avalia as condições do tráfego. São verificados critérios como volume de veículos (de 1.000 a 1.200 por hora) e de pedestres, travessia de escolares, índices de acidentes, movimento em horários de pico, entre outros. "Na maioria das vezes, o que falta é sinalização horizontal, como um canteiro, uma faixa de segurança ou uma lombada", diz.
Para Rosângela, os congestionamentos só ocorrem quando não há sincronização entre os semáforos na mesma via. Ela também chama a atenção para o grande número de veículos que há nas vias da cidade, mais de 1 milhão. "De um lado tem o pedestre, que reclama que o intervalo do sinal é curto para atravessar. De outro, o motorista, que fica muito tempo parado", explica. Difícil é equilibrar essa conta. As cores demoram de 50 a 120 segundos para mudar, para o motorista. Para o pedestre, a variação é de 12 a 18 segundos. "Mais que isso atrapalha e deixa o motorista irritado".
A divisão nem sempre é aprovada por quem está na rua diariamente. O motorista de táxi Ademar Santos, 53 anos, conta que há locais que testam a paciência, como o trecho da Rua Jacarezinho e Manoel Ribas, no bairro dos Mercês. "O semáforo de quatro tempos chega a ser irritante quando o passageiro está com pressa". Ele cita outros locais onde o intervalo é muito pequeno e que, pelo volume de carros, é preciso esperar o sinal abrir duas vezes, em média, para conseguir passar. Nestes casos, Rosângela lembra que em algumas vias, a onda verde quando os semáforos são sincronizados para darem fluxo ao trânsito em uma velocidade constante pode ajudar.
Pedestres também passam por maus bocados por conta dos semáforos. Para a dona de casa Raquel Prestes, 32 anos, esperar para atravessar a Rua Carlos Klemtz com General Potiguara, no bairro Fazendinha, é quase uma tortura. "Pode até ser mínimo o tempo de espera, mas para mim é uma eternidade". No local, a botoeira que aciona o sinal vermelho para os carros, liberando a travessia, no ciclo seguinte está quase sempre estragada e, mesmo quando abre para o pedestre, os carros continuam passando.



