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Falhas

Sete anos depois, artigos do CBT continuam desrespeitados

Código Brasileiro de Trânsito diz que pedestres também deve ser multado. Detran e Diretran alegam que seria preciso regulamentar a cobrança

Depois de sete anos em vigor, alguns artigos do Código Brasileiro de Trânsito nunca foram aplicados. Um deles é o que prevê multas para pedestres. Até hoje, ninguém foi punido no Paraná por ter desrespeitado as proibições previstas para pessoas que andam a pé.

Atualmente não existe nenhum tipo de fiscalização sobre o mau comportamento dos pedestres. Unindo isso ao desrespeito das normas de trânsito de alguns motoristas, o número de acidentes com vítima, segue em constante crescimento. Em 2004 foram quase 5 mil pessoas atropeladas (pelo menos 13 por dia, em média).

Autoridades de trânsito dizem que, para que pudesse haver a punição dos pedestres que desrespeitam o código, seria preciso uma regulamentação nacional para definir as formas de puní-los e de cobrar a multa. "Como seria o procedimento para multar alguém: abordar a pessoa e pedir a identidade ou o CPF?", questiona o major Julio Nobrega, assessor militar do Departamento Estadual de Trânsito do Paraná (Detran-PR). "O volume de multas ia ser muito grande e seria preciso fazer a cobrança de uma forma prática", acrescenta o diretor da Diretoria de Trânsito de Curitiba (Diretran), coronel Gilberto Foltran.

O advogado Marcelo Araújo, professor de Direito de Trânsito das Faculdades Curitiba, discorda da necessidade de uma regulamentação para que os pedestres sejam multados. "O artigo (que determina a multa para pedestres) é auto-aplicável", diz ele. Segundo Araújo, a cobrança das multas teria que ser feita judicialmente.

Apesar disso, o advogado reconhece que há uma série de empecilhos para que a lei venha a ser aplicada. O processo judicial para se fazer a cobrança, diz Araújo, acabaria custando mais do que o valor da multa (R$ 26,60).

Ele acrescenta que como ninguém pode alegar desconhecimento da lei, a punição teria de incidir inclusive sobre crianças e idosos. "Ao que tudo indica, o artigo (da lei) caminha para ser letra morta", diz o advogado.

Educação

Diante das dificuldades em se aplicar a lei, o Detran e a Diretran apostam na educação para conscientizar os pedestres a respeitarem as normas de trânsito. Ambos órgãos desenvolvem atividades educativas em escolas.

O presidente da Associação Brasileira de Pedestres, o engenheiro de transportes Eduardo José Daros, adverte, porém, que é preciso muito planejamento na hora de lançar campanhas educativas. Segundo ele, o comportamento inadequado de quem anda a pé não é uma questão de desconhecimento das regras. "É uma questão de valores. Temos que mudar valores", diz ele.

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