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Transporte coletivo

Sindicatos sugerem formação de cartel e pedem nova licitação

Parecer técnico mostra conluio entre empresas de transporte. Prefeitura de Curitiba diz que anulação de processo depende da Justiça

Documento mostra que trâmites na licitação indicariam um acordo prévio entre as empresas | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Documento mostra que trâmites na licitação indicariam um acordo prévio entre as empresas (Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo)

Um parecer técnico elaborado por cinco sindicatos, com representatividade em Curitiba e no Paraná, pede a anulação da licitação do transporte coletivo de Curitiba. De acordo com as entidades, os indícios de conluio entre as empresas que venceram o processo de licitação – além de vícios formais e materiais – são suficientes para que a administração municipal refaça o processo.

O documento foi entregue ontem à prefeitura e a diversos órgãos de controle, como o Tribunal de Contas do Estado e União (TCE e TCU), além do Ministério Público (MP). Em setembro, uma denúncia contendo esses mesmos tópicos já havia sido entregue ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

INFOGRÁFICO: Veja as irregularidades no parecer elaborado pelos sindicatos

Para a prefeitura, as entidades pedem que seja instaurado um processo administrativo, seguido da suspensão do contrato e da anulação da licitação. Nesse período, o assessor jurídico do Sindicato dos Engenheiros do Paraná, Eduardo Faria Silva, explica que a prefeitura poderia assumir o serviço de transporte coletivo, o que já ocorreu em outras cidades brasileiras. Por fim, é solicitada a responsabilização dos agentes públicos e privados que tiveram envolvimento nas irregularidades denunciadas.

Novas denúncias

O documento apresentado pelos sindicatos reforça alguns pontos que já foram tocados pelos relatórios da comissão interna de auditoria da prefeitura e do Tribunal de Contas e na CPI do Transporte. Esses itens estão relacionados aos vícios formais e materiais do edital de licitação, principalmente no que diz respeito à falta de parecer jurídico antes da publicação. "O gestor da Urbs assumiu o risco da publicação com todas as irregularidades e ilicitudes", declarou Silva.

No entanto, o material traz mais indicativos de cartelização. "Há indícios claros de que há conluio entre as empresas", diz Silva, que apresentou quatro pontos para sustentar essa tese. Inicialmente, chama atenção a distribuição societária das empresas, com famílias distribuídas em todos os lotes. Outro item é o fato de os consórcios terem apresentado uma única proposta para lotes diferentes, o que indicaria um acordo prévio.

Além disso, um dos documentos exigidos pela licitação – a carta-fiança – foi emitido pela mesma instituição financeira, o banco Itaú, no mesmo dia e com números sequenciais para os três consórcios. Outro indício de conluio seriam as propostas encaminhadas pelas empresas para a Urbs, que apresentam, inclusive, os mesmos erros de português.

Essa parte da denúncia já foi encaminhada ao Cade, em meados de setembro. A denúncia, feita pela Plenária Popular do Transporte, ressalta os indícios de cartelização. O protocolo está tramitando no órgão.

Prefeitura diz que espera decisão judicial

Raphael Marchiori

Representantes dos sindicatos que elaboraram o parecer técnico foram recebidos ontem pelo secretário de Governo, Ricardo Mac Donald Ghisi, que durante o encontro reafirmou a posição da prefeitura: "Cancelamos a licitação se houver uma determinação judicial", disse.

Segundo Mac Donald, uma decisão unilateral da prefeitura poderia ser revertida pelos empresários do setor na justiça. "A lei de concessões prevê a intervenção, mas uma ação de lucro cessante, por exemplo, poderia derrubar a medida e trazer prejuízos aos cofres públicos. O sistema de transporte coletivo custa R$ 75 milhões mensais e não podemos correr riscos".

Para Lafaite Neves, que esteve presente no encontro e é membro representante da Plenária Popular de Transportes na Comissão da Urbs para Análise da Tarifa, as provas de vício no processo licitatório são fartas e a prefeitura deveria tomar uma medida para evitar maiores prejuízos ao município. "Desde 2009 nos debruçamos sobre problemas na licitação. Desde o ano passado trabalhamos nesse relatório. A prefeitura tem autonomia para cancelar esse processo e deveria fazê-lo para evitar ação por improbidade administrativa".

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