
Servidores municipais da saúde decidiram ontem à tarde em assembleia pela manutenção da greve iniciada pela manhã. Um ato público está marcado para as 9 horas de hoje em frente ao prédio da prefeitura. A categoria reclama de atraso no pagamento de horas extras e reivindica novas contratações, além da elevação do piso salarial.
De acordo com o Sindicato dos Servidores Municipais de Curitiba (Sismuc), o segundo dia de paralisação segue os moldes do que ocorreu ontem: atendimento somente em casos de urgência e emergência, conforme determinação do Ministério Público. Pelos cálculos da entidade, pelo menos 72 das 109 Unidades Básicas de Saúde (UBS) da capital registraram paralisação, que chegou a 90% das atividades na maioria dos casos.
Na prática, boa parte dos 7 mil servidores estão nas UBS e Unidades de Pronto Atendimento (UPA), mas recusam atendimento quando não se trata de urgência e emergência. "Estamos em greve hoje, mas a prefeitura está em greve há muito tempo. Uma escala de trabalho de 24 pessoas que só tem oito trabalhadores, certamente, é uma greve de gestão", resumiu a coordenadora do Sismuc, Irene Rodrigues. O município contesta os números.
Versão oficial
Balanço atualizado da Secretaria Municipal da Saúde aponta a ausência de 4,57% dos servidores. "Naquelas unidades em que houve adesão à mobilização convocada pelo sindicato dos servidores, foram mantidos o atendimento e encaminhamento dos casos agudos, bem como, quando necessário, o reagendamento de casos eletivos. Nas UPAs e no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), os serviços operam com capacidade total, conforme recomendação do Ministério Público", informou em nota a prefeitura.
Irene Rodrigues confirmou que a greve não afetou os serviços de urgência e de emergência das unidades básicas de saúde da cidade. "Estamos respeitando a orientação do Ministério Público de atender a 30% dessas demandas. Já os pacientes com consultas de atendimento eletivo (exames específicos) estão sendo orientados a reagendar."
"Estamos trabalhando no limite. Em turnos em que deveríamos funcionar com oito enfermeiros, às vezes temos apenas dois", diz a enfermeira Andreza Gonçalves da Silva, da UBS da Cidade Industrial. "Isso acontece porque, com o 'calote', muitos funcionários estão se recusando a fazer horas extras."
À tarde, cerca de 250 manifestantes fizeram uma passeata impedindo o trânsito em um dos sentidos na Avenida Visconde de Guarapuava. Os servidores se reuniram nas escadarias da Câmara para a assembleia que decidiu pela manutenção da greve.



