Para especialistas em transporte coletivo, os acidentes envolvendo ônibus nos últimos anos são apenas a ponta do iceberg de um sistema cada vez engessado e estagnado. O Bus Rapid Transit (BRT) modelo de transporte com veículos articulados ou biarticulados que trafegam em canaletas específicas ou em vias elevadas deixou de ser considerado "modelo" durante a última década.
Para o engenheiro civil Roberto Ghidini Junior, autor de uma tese de doutorado pela Universidade de Madri, na Espanha, a falta de investimentos, o modelo que encara o transporte com mais um negócio e o direcionamento de políticas favoráveis ao uso do carro levaram o sistema ao colapso. "O Conselho Municipal de Transporte e a Câmara Municipal não cumprem o papel de órgãos fiscalizadores", diz. "O Ippuc deveria parar de induzir demandas e agir com mais seriedade, realizando uma pesquisa sobre origem e destino."
O economista e professor Lafaiete Santos Neves, autor do livro "Movimento Popular e Transporte Coletivo em Curitiba", avalia que o transporte público estacionou. "A população cresceu e o planejamento não acompanhou." Para ele, a sociedade perdeu uma chance de mudança com a licitação que aconteceu em 2010. "Perdemos a chance de mudar as empresas que estão operando desde a década de 1970. Foi uma licitação direcionada, sem mudança significativa."
Marcos Isfer, presidente da Urbs, garante que só a superlotação nos horários de pico. "O sistema trabalha na capacidade plena, com seis passageiros por metro quadrado, conforme a lei. A lotação nos horários de pico acontece em todo o mundo", afirma. Uma forma de diminuir a lotação, segundo Isfer, seria empresas e instituições de ensino alterarem seus horários, para diminuir o fluxo no mesmo horário.



