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 | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Consultar redes sociais, escrever mensagens de texto, distrair-se com aplicativos ou jogos e acessar a internet pelo smartphone se tornaram hábitos viciantes. Mas a obsessão pode ser prejudicial e perigosa, em especial para quem está no volante ou para os pedestres nas ruas.

Uma inocente olhadela no smartphone para checar mensagens ou alguma rede social pode ser fatal. Se feita ao dirigir, aumenta em duas vezes a chance de alguém se envolver em acidentes. A distração faz as pessoas desviarem o olhar da estrada em média 23 segundos. Para um carro a 60 km/h, isso representa 380 metros de percurso às cegas. Para um veículo a 100 km/h, são 640 metros sem visibilidade.

O risco fica cada vez mais evidente: já são 68 milhões de smartphones nas mãos dos brasileiros, quase um para cada três pessoas, conforme o Ibope/Nielsen. Com a popularização dos aplicativos de conversas em texto, como o Viber e o WhatsApp, já não é raro ver carros em ziguezague nas ruas, mesmo que os motoristas não tenham bebido. O Instituto de Tecnologia dos Transportes da Universidade de Virginia (Estados Unidos) realizou uma série de pesquisas sobre esse comportamento.

Uma primeira investigação, de 2009, descobriu que mandar mensagens ao dirigir veículos pesados, como ônibus e caminhões, aumentava em 23 vezes o risco de acidente. O número serviu como um alerta, e vários estados dos EUA proibiram o celular ao volante – por lá, há regiões que permitem usar o telefone ao dirigir.

Proibido

No Brasil, o código de trânsito proíbe o celular desde 1997 – mas o uso continua. Situações como alcançar o telefone, olhar o contato que está ligando ou tentar digitar um número elevam em três vezes a chance de um acidente, mais do que mandar mensagem, apesar de o tempo sem olhar para a estrada ser menor.

“Nesse momento, o motorista se desconcentra da atividade principal e se concentra no celular. Ele leva três, quatro segundos para pegar o telefone. Está com a visão direcionada para o aparelho, a audição voltada para ele, assim como a atenção. Está fazendo uma direção de alto risco”, explica o médico Dirceu Rodrigues, especializado em medicina do tráfego.

Concentração

O motorista continua sendo afetado mesmo após desligar o celular. Especialista em medicina do tráfego, Dirceu Rodrigues explica que isso ocorre porque a atenção não se volta imediatamente para a estrada. A pessoa ainda vai ficar alguns segundos, talvez minutos, refletindo sobre o que ouviu. Ao direcionar a atenção seletiva para outro lugar, um telefonema ou uma mensagem, o cérebro entra em uma espécie de modo automático. É comum até não se lembrar de trechos da rua ou da estrada pelas quais percorreu.

Esbarrão

A falta de atenção nas ruas não ocorre apenas com quem dirige. Outra investigação do centro de pesquisas americano PEW fez uma pergunta a mais no questionário sobre o tema. E um em cada seis adultos afirmou já ter esbarrado em outra pessoa ou objeto enquanto caminhavam falando ou respondendo mensagens no celular.

“De todas as atividades que você faz ao volante, enviar mensagens é a que tira mais atenção do usuário”, diz Bruno Gobbato, da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. A entidade faz campanhas de conscientização sobre o tema. O assunto ganhou a atenção do poder público no Exterior. “Campanhas fora do país têm focado especificamente nos jovens e no combate ao envio de mensagens ao dirigir.”

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