
A moda parece ter entrado em um túnel do tempo nesta edição da São Paulo Fashion Week, que vai até a próxima sexta-feira. O perfume retrô, no entanto, vem misturado a componentes contemporâneos. Essa mescla entrou em campo no desfile do mineiro Ronaldo Fraga, que se inspirou nos bate-bolas de várzea para criar sua coleção de primavera-verão 2013/2014. Passeou pelas décadas de 1930, 1940 e 1950 para fazer roupas-uniformes, com listras, cores e brasões de times e amarrações de chuteiras em blazers, sem perder suas características e formas bem autorais.
Adriana Degreas, por sua vez, mostrou cenas de uma Copacabana dos anos 1950, com peças como hotpants, bojos estruturados, maiôs bem comportados, swim caps (capinhas que acompanham os trajes de banho) e vestidos tubinhos bicolores. O Rio Déco criado pela estilista virou uma mistura da naturalidade carioca com a influência francesa na arquitetura. A contemporaneidade deu as caras no jogo de transparências e tarjas, nos recortes inusitados e na costura pontual.
No mesmo clima refinado, a Acquastudio por Esther Bauman veio com uma coleção que mistura moda festa e alfaiataria. A primeira representada pela riqueza dos materiais, pelos bordados em pérola e repertório de fendas, babados e camadas. A outra pela execução bem feita. Para quebrar, algumas referências navy. Ontem, desfilaram ainda Forum e Ellus.
E dá até para dizer que tanta referência no passado veio em parte embalada pela festa que a Cavalera deu na passarela na noite de segunda-feira. Festa de rua, com soul music, modelos-dançarinos e muito suingue. Na passarela, Toni Tornado como mestre de cerimônia, Simoninha como modelo e Jair Rodrigues na plateia. Em termos de moda, a Cavalera mergulhou na estética setentista, dos jeans acompanhados de tops, dos patchworks, conjuntinhos psicodélicos, estampas de efeito óptico.
*A jornalista viajou a convite do evento.



