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Questão agrária

STF julga como particulares terras do Pontal do Paranapanema

Decisão do ministro Luiz Fux afeta 86 mil hectares ocupados por mais de uma centena de propriedades rurais. Parte da área está ocupada por assentamentos do MST

O Supremo Tribunal Federal (STF) considerou que as terras do 14º Perímetro, no Pontal do Paranapanema, extremo oeste do estado de São Paulo, são particulares e não podem ser destinadas à reforma agrária. A decisão do ministro Luiz Fux, publicada nesta segunda-feira (17) no Diário Oficial da União, afeta 86 mil hectares ocupados por mais de uma centena de propriedades rurais. A área se estende da região urbana de Euclides da Cunha Paulista até os municípios de Teodoro Sampaio e Rosana, entre os rios Paranapanema e Paraná. As terras são consideradas devolutas pelo Estado que entrou com ação reivindicatória visando à destinação para o assentamento de famílias. Parte da área já está ocupada por assentamentos e alguns acampamentos do Movimento dos Sem-Terra (MST).

Desde o início da década de 90, quando as primeiras ações reivindicatórias do governo paulista foram propostas, a região se transformou em palco de conflitos agrários, com mais de 500 invasões. O Pontal do Paranapanema é considerado o berço paulista do MST - a região concentra mais de 100 assentamentos. De acordo com o advogado da União Democrática Ruralista (UDR), Fernando Baptista Neves, a decisão reforça o entendimento de que as terras do Pontal são particulares. "O julgado deve ter influência no desfecho de outros processos que a Fazenda do Estado move contra produtores rurais da região." O presidente da UDR, Luiz Antonio Nabhan Garcia, disse que a entidade vai reunir os fazendeiros para comemorar o resultado. "É uma decisão importante para resolver os conflitos na região."

A Procuradoria Geral do Estado (PGE) deve entrar com recursos na tentativa de mudar a decisão do STF. Em outra ação julgada no final de 2010, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) considerou como devolutas as terras do 14º Perímetro, no Pontal do Paranapanema, num total de 82,6 mil hectares. As duas áreas são contíguas e compreendem praticamente toda a região. Na época, a UDR entrou com recursos que ainda não foram julgados. A decisão causou uma corrida de famílias sem-terra para a região. Dois grandes acampamentos foram instalados, respectivamente, em Sandovalina e Euclides da Cunha Paulista.

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