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O coronel Maurício Tortato admite cultura do “justiçamento” - ainda que em pequena escala dentro da PM. | Brunno Covello/Gazeta do Povo
O coronel Maurício Tortato admite cultura do “justiçamento” - ainda que em pequena escala dentro da PM.| Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo

O comandante-geral da Polícia Militar do Paraná (PM), coronel Maurício Tortato, admitiu, em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo, a existência de uma “subcultura” da violência dentro da PM que defende o justiçamento. Segundo ele, no entanto, isso é exceção. O oficial acredita que policial que mata de forma ilegal é parte de uma minoria, punida pela Justiça.

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“Dizer que ela [subcultura] não existe seria uma leviandade, mas dizer que ela prepondera também é.”

Maurício Tortato coronel e comandante-geral da Polícia Militar do Paraná.

“Dizer que ela [subcultura] não existe seria uma leviandade, mas dizer que prepondera, também”, disse. Tortato lembrou que dentro da academia militar o tema é tratado com cuidado e que em nenhum momento o “justiçamento” é incentivado.

PMs mortos

No ano passado, seis policiais militares morreram em serviço durante confrontos no Paraná. O dado é do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. No ano anterior, um morreu. Fora do serviço, no entanto, foram 17 mortos em 2013 e 2014. Sobre a morte dos policiais, o comandante da PM, Maurício Tortato, criticou a Gazeta do Povo. Segundo ele, o jornal não cobre com a mesma intensidade a morte de PMs. Usou o caso do policial do Bope Cleverson dos Santos, morto em novembro deste ano, para exemplificar que o jornal não cobriu o cortejo. Segundo a PM, cinco policiais militares morreram em serviço em 2015: três em confrontos; um em acidente de trânsito e outro se suicidou.

Embora garanta ser um problema que atinja pequena parte do efetivo, o coronel afirmou que a instituição tem se preocupado em controlar os excessos. A PM estuda a proposta de recolher o porte e a arma de policial que não passar em avaliação técnica de tiro. A ideia partiu de uma comissão que estuda o uso da arma de fogo na corporação.

“Quando o policial fizer o treino anual, se for reprovado, será submetido a uma banca. Se for reprovado, também terá o porte recolhido”, explicou Tortato. Esse expediente se assemelha ao usado em caso de PMs com problemas psicológicos.

“O porte de arma é inerente ao PM e é regulado por lei. Poderia eu, por portaria, recolher o porte de arma funcional e particular? Estamos estudando isso. Se o PM tem transtorno psicológico, tenho o dever de tirar. Tenho que ver se posso fazer o mesmo pela falta de proficiência”.

Riscos a mais

O crescimento da violência dos criminosos e a eficiência da PM seriam principais fatores de aumento das mortes em confronto com policiais. A avaliação é do comandante-geral da PM, coronel Maurício Tortato. Para o oficial, cada vez que a polícia se aprimora, e chega mais rápido aos locais de ocorrência, aumenta a probabilidade de confronto. “O resultado morte não é querido, mas faz parte da atividade. Infelizmente, lidamos com a perspectiva de que as quadrilhas estão cada vez mais armadas.”.

Em paralelo, uma comissão analisa mudanças nas diretrizes, de modo a reduzir a aplicação da arma letal, reforçando o uso progressivo de forças alternativas. “Poderíamos trabalhar o agente químico, o bastão retrátil, a tonfa [espécie de cassetete]. O dispositivo elétrico. São recursos que estão nos pautando ”, afirmou o oficial.

Segundo a PM, somente em 2015, 80% dos 15.926 PMs do Paraná passaram por uma palestra, elaborada pela Corregedoria da corporação. O objetivo da palestra foi atingir a “subcultura”. O conteúdo ministrado tentou mostrar quais as consequências jurídicas, na carreira, psicológicas, para um policial quando ele mata em serviço. “Os problemas existem. O maior problema do comando-geral seria se não atuasse para saná-los”.

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