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Sudeste é castigado pela chuva

Em Angra dos Reis, no Rio, soterramento atingiu pousada lotada. Nos últimos dias, deslizamentos já mataram cerca de 50 pessoas no estado

Deslizamento na Praia do Bananal, na Ilha Grande, Baía de Angra dos Reis: hóspedes e moradores do local foram surpreendidos  pela terra  que desceu do morro | Bruno Domingos/Reuters
Deslizamento na Praia do Bananal, na Ilha Grande, Baía de Angra dos Reis: hóspedes e moradores do local foram surpreendidos pela terra que desceu do morro (Foto: Bruno Domingos/Reuters)
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Veja onde ficam os locais afetados pela chuva

Veja o mapa das mortes por causa da chuva no sudeste |

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Veja o mapa das mortes por causa da chuva no sudeste

As fortes chuvas dos últimos dias de 2009 transformaram num cenário trágico um dos principais paraísos turísticos do estado do Rio. O deslizamento de uma encosta atingiu uma pousada e sete casas na Ilha Grande, na Baía de Angra dos Reis, matando pelo menos 19 pessoas na madrugada de sexta-feira. No continente, pelo me­­nos nove pessoas morreram em outro desmoronamento de terra, no Morro da Carioca, no centro histórico da cidade, um dos destinos mais procurados por turistas no réveillon.

Até o início da noite de sexta, bombeiros ainda trabalhavam nos dois locais em busca de outras vítimas ou sobreviventes. Em todo o estado do Rio, cerca de 50 pessoas já morreram em consequência das chuvas dos últimos dias – o volume de chuvas em dezembro em Angra dos Reis superou a média do mês, segundo o Instituto Nacional de Meteo­­rologia: o acumulado no período foi de 355,1 milímetros, enquanto a média é de 245,8 mm.

Na Ilha Grande, os bombeiros haviam resgatado pelo me­­nos 13 corpos de turistas e 6 de moradores locais, informou o vice-governador do Rio, Luiz Fer­­nando Pezão. A maior parte dos 65 hóspedes que escolheu passar o ano-novo na pousada San­­kay, na enseada do Bananal, uma região de pequenas ilhas em torno da Ilha Grande, foi surpreendida na madrugada de sexta pelo desmoronamento de toneladas de rochas e terra da imensa encosta que fica atrás da pousada, cuja localização entre o mar e a montanha era um dos principais atrativos.

Os hóspedes conseguiram sair a tempo do prédio, mas a filha dos proprietários da pousada, Yumi Faraci, 18 anos, e um casal de amigos dela ficaram sob os escombros e não resistiram. Os donos, Geraldo e Sonia Faraci, também escaparam, mas ficaram muito abalados. A família deles, de Belo Horizonte, não quis comentar a tragédia.

Apesar da densa cobertura de vegetação de Mata Atlântica, a chuva forte e constante provocou uma enxurrada de destruição que atingiu boa parte da pousada e residências vizinhas. Segundo moradores da região, várias casas de veraneio estavam alugadas para turistas. Mais de 100 pessoas, entre bombeiros, médicos e voluntários, foram mobilizados para a operação de resgate em Angra. Militares da Marinha também ajudaram. Helicópteros e navios foram empregados no transporte de equipamentos e de pelo menos 10 feridos. "Existe muita dificuldade para fazer esse material todo chegar aqui. As pedras e árvores que caíram sobre a pousada e as ca­­sas são muito grandes", ex­­pli­­cou o vice-governador do Rio, que chegou à ilha ainda na manhã de sexta. "In­­fe­­liz­­mente, acreditamos que vamos ter um número ainda mais elevado de vítimas por conta desses desmoronamentos", acrescentou.

Resgate

Várias outras regiões de Angra foram castigadas pela chuva e a prefeitura estima que 80 casas foram destruídas. Alguns corpos retirados da enseada do Bananal foram transladados de helicóptero para o Instituto Médico Legal (IML) da capital. Os mortos do Morro da Carioca foram identificados no IML de Angra.

Ambientalistas que denunciam a desocupação desordenada das encostas de Angra lutam pela revogação de um decreto estadual de junho de 2009 que permite maior ocupação de áreas protegidas na Baía da Ilha Grande. No entanto, não havia sinais de erosão ou degradação no local do acidente. "Essa re­­gião está bem protegida, por isso a surpresa. Mas choveu muito fora do normal, foram dois dias sem parar de chuva forte", afirmou uma funcionária da pousada Kamonê, vizinha à Sankay. A tragédia assustou os visitantes de outros hotéis, que tiveram dificuldades para completar telefonemas para o continente.

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