
O número de brasileiros que deixaram seus estados de origem e migraram para outro chegou a 3,327 milhões entre 2003 e 2008, segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado ontem. Os maiores fluxos de migração são entre estados da Região Sudeste, e entre o Nordeste e o Sudeste brasileiro. As informações são da Agência Brasil. O estudo mostra que essas pessoas são, em geral, jovens, com idade entre 18 e 29 anos, têm uma taxa de desemprego menor do que a de não migrantes e, quando conquistam um emprego, este costuma ser com carteira assinada, mas com uma carga horária acima de 45 horas semanais.
"Se analisarmos o total de migrantes que, entre 2003 e 2008, mudaram de estado, veremos que a maior quantidade ocorre entre estados da Região Sudeste, com 465.593 migrações. Em segundo lugar, com 461.983 casos, está a migração de pessoas que vão de algum estado nordestino para algum estado do Sudeste", explicou o técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea, Herton Araújo.
Inversão
Ele destaca que dentro das relações migratórias envolvendo as regiões Nordeste e Sudeste onde se encontram mais de 60% dos migrantes do país ocorreu um fato curioso. "Houve, entre 2002 e 2007, uma inversão dessa migração, apresentando um saldo maior de pessoas indo do Sudeste para o Nordeste [cada ano apresentado pelo estudo refere-se à média dos cinco anos anteriores]. Mas, segundo o pesquisador, essa situação voltou novamente a se reverter a partir de 2008.
O estudo detalha que esse saldo migratório, que entre 2002 e 2003 era levemente favorável ao Nordeste migrações bastante próximas a zero , foi ampliado entre 2003 e 2007, tendo o ápice em 2005, com saldo superior a 110 mil migrações para o Nordeste, com origem no Sudeste. "Estimamos que 80% desse saldo é de retorno de nordestinos a seus estados, afirmou o pesquisador.
Segundo ele, a migração entre estados do Sudeste se difere da do Nordeste-Sudeste principalmente pelo fator escolaridade. "Apenas 6,1% dos nordestinos que vão para o Sudeste estudaram pelo menos 12 anos. Esse porcentual sobe para 23% quando analisamos a migração dentro do Sudeste, explica o pesquisador.
O Centro-Oeste surpreendeu por apresentar 151.614 migrações internas. Proporcionalmente, foi o maior índice de migração entre estados de uma mesma região. "Muito disso pode ser justificado pelo alto custo de vida no Distrito Federal, o que gera um grande número de migrações para a região do entorno do Distrito Federal, de mais baixo custo de vida, acrescentou.




