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Símbolos da integração do transporte coletivo de Curitiba, alguns terminais de ônibus estão pedindo socorro. Vazamentos na cobertura, estruturas enferrujadas, pisos irregulares e banheiros imundos mancham a imagem do sistema de transporte curitibano, considerado um dos melhores e mais eficientes do país.

A reportagem da Gazeta do Povo visitou seis terminais localizados na região sul da cidade na tarde da última quinta-feira e encontrou problemas sérios em pelo menos três: Capão Raso, Vila Hauer e Carmo. Em dias úteis, cerca de 221 mil pessoas passam por eles, segundo dados da Urbs, empresa que gerencia o sistema. Só na capital, a Urbs administra 21 terminais onde é possível embarcar em mais de um ônibus pagando apenas uma passagem.

Os do Capão Raso e da Vila Hauer estão entre os mais antigos em operação – vão completar 25 anos de atividade em novembro – e nunca passaram por uma reforma geral. Foram feitas apenas pequenas adaptações quando houve a implantação das estações-tubo dos "ligeirinhos" e das plataformas dos biarticulados, no início dos anos 90. Já o Carmo fará 18 anos em outubro.

O problema mais grave está na cobertura, já bastante comprometida pelo tempo. É só chover e o terminal do Hauer vira uma goteira só. "A gente tem que andar desviando", diz a dona de casa Fátima Silveira, 52 anos. "Até já acostumei", avisa a estudante Renata dos Santos, 16 anos. A água pinga em bancos, nos telefones públicos e nas plataformas. No Capão Raso, uma goteira intermitente molha quem desce a escada para atravessar o terminal pelo túnel. No Carmo, não é possível sentar em alguns bancos. "Tem que esperar o ônibus em pé mesmo", afirma o sapateiro Cléverson Silva, 40 anos.

A água também provoca corrosão das estruturas metálicas que sustentam a cobertura. No Capão Raso, parte do telhado sobre o ponto da linha Denso foi retirada. No mesmo terminal, um emaranhado de fios elétricos sobre a guarita do fiscal, perto do túnel, parece avisar que um curto-circuito é questão de tempo.

No Hauer, a ferrugem não atinge só as estruturas. As plataformas do biarticulado estão corroídas justamente no ponto de embarque e desembarque dos ônibus, mas poucos usuários se dão conta do perigo de cair. Corrimões de ferro que antes estavam fixados no chão agora estão desparafusados.

Outra reclamação é a pedra petit-pavet do calçamento dos três terminais, material usado na maioria das estações de Curitiba. Quando molhado, o piso fica escorregadio. Além disso, a aparência é sempre suja, completamente diferente dos terminais do Boqueirão e Pinheirinho, que têm uma lajota vermelha mais bonita e mais fácil de varrer. Já nas escadas que dão acesso aos túneis do Capão Raso e do Hauer o piso é de cimento mesmo.

O banheiro masculino do terminal do Carmo é o retrato do abandono e falta de manutenção dos equipamentos. O cheiro é insuportável, não existe papel higiênico e as portas não têm tranca. Não há vasos sanitários, muito menos assentos. O chão é molhado e sujo. Paredes, portas e caixas de descarga estão totalmente pichadas.

Chama a atenção ainda o improviso: no Capão Raso, recipientes plásticos foram cortados e usados como lixeira. Já no Carmo, uma lixeira foi amarrada com um arame para não cair. Situações que deixam evidente a falta de manutenção e o abandono dos terminais.

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