Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Consulta médica

SUS ou particular? Ambos têm fila

Espera para se consultar com ortopedista, por exemplo, leva sete meses tanto na rede pública quanto em alguns consultórios particulares

Elenize compara as vantagens do seu plano de saúde ao longo tempo de espera da mãe, Ana, na fila do sistema público | Marcelo Elias/Gazeta do Povo
Elenize compara as vantagens do seu plano de saúde ao longo tempo de espera da mãe, Ana, na fila do sistema público (Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo)
Veja qual é o tempo de espera para uma consulta |

1 de 1

Veja qual é o tempo de espera para uma consulta

Plano de saúde nem sempre é garantia de atendimento rápido. Quem pensa que a fila para consultas está apenas no Sistema Único de Saúde (SUS) pode se surpreender com a espera em alguns consultórios particulares. A reportagem entrou em contato com 27 consultórios de Curitiba que atendem por convênio e constatou duas situações bem diferentes: em alguns casos o atendimento pode ser rápido, já no dia seguinte, mas em outros o usuário pode ter de esperar até o final do ano para falar com o médico.

As especialidades consultadas estão entre as que registram maior procura: cardiologia, endocrinologia, ortopedia e dermatologia. Essas áreas são ainda mais requisitadas no Sul do Brasil, região onde mais pessoas se declaram portadoras de doenças crônicas (35,8%), de acordo com o recente Panorama da Saúde no Brasil, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), de 2008. Três entre dez moradores da região Sul têm plano de saúde.

Três fatores principais contribuem para lotar as agendas dos consultórios: a maior incidência de doenças crônicas, o crescimento do número de usuários dos planos de saúde e a baixa oferta de consultas por alguns médicos. O tempo médio para uma consulta com dermatologista fica em 19 dias; com cardiologista, em 29 dias; com endocrinologista, em 37 dias; e com ortopedista chega a 46 dias.

A espera é semelhante para quem optar em pagar pela consulta. A reportagem constatou junto aos consultórios que a grande maioria não dá prioridade ao cliente particular em detrimento do conveniado. Apesar da demora, o tempo ainda é menor do que o registrado na rede pública (leia mais nesta página).

A longa espera

Há consultórios que marcam o atendimento para o dia seguinte, mas em outros só há data disponível para alguns meses depois. Quem quiser uma consulta pelo plano de saúde com o ortopedista Fernando Santos Laffitte, por exemplo, especialista em coluna, terá de esperar até novembro. Para ele, os planos de saúde estão atrofiados. "Saúde pública não existe e muita gente migra e tenta pagar o plano."

Laffitte atende pelo convênio na terça-feira pela manhã e quinta e sexta-feira o dia todo. As tardes de terça são reservadas para pacientes particulares. A pessoa que preferir pagar pela consulta (R$ 250) consegue atendimento para daqui a três meses. Segundo o médico, não há priorização do cliente particular. "Quero atender todo mundo e não há como", afirma. "Vinte por cento dos pacientes marcam e não vão porque não estão diretamente pagando do bolso. Então a gente mantém outra agenda e puxa pacientes (que aguardam na fila)."

A fila de espera para uma consulta com o cardiologista Cláudio Pereira da Cunha é formada por cerca de 500 pacientes. Ele só tem horário disponível para 20 de julho. "Às vezes há situações especiais que tem de furar a fila e abrir exceção. Den­­tro da especialidade existem situações de emergência." Para ele, existe um gargalo na formação de médicos, com vagas insuficientes para especialização.

Valor

Para os médicos, o plano remunera menos do que o atendimento particular. No caso do cardiologista Cláudio Pereira da Cunha, ele recebe R$ 200 por uma consulta particular e R$ 30 quando a consulta é pelo plano de saúde. "Cortei o cabelo e paguei mais caro do que ganho em uma consulta", compara o médico, que atende diariamente no consultório.

O diretor do departamento de convênios da Associação Médica do Paraná, José Jacyr Leal Júnior, afirma que há uma demanda para que o valor repassado ao profissional seja maior. Ele revela, no entanto, que o problema de demora em consultas muitas vezes é causado pelos médicos e não pelo plano.

Na opinião de Leal Júnior, alguns médicos optam por outras atividades profissionais fora do consultório, o que diminui os horários disponíveis na agenda. "O plano está oferecendo médicos. Não oferece um doutor. Se a pessoa quer exigir aquele médico, tem um preço a pagar", diz.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.