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Ensino de línguas

Tão pequeno e já poliglota

Pensando nos futuros desafios, pais contratam professores para dar aulas de idiomas aos filhos a partir de 1 ano de idade

Em casa ou na escola, crianças são estimuladas a dominar várias línguas | Christian Rizzi/Gazeta do Povo
Em casa ou na escola, crianças são estimuladas a dominar várias línguas (Foto: Christian Rizzi/Gazeta do Povo)

Há algumas décadas, pais preocupados com a formação dos filhos matriculavam as crianças em escolas de inglês ou francês. Até que os cursos passaram a ser insuficientes, e o esforço se concentrou em enviá-los para intercâmbios nos Estados Unidos ou na Europa. Agora, em nome de uma boa formação futura, famílias contratam professores de idiomas para ensinar, em casa, crianças a partir de 1 ano.

Arthur Feldman, de 5 anos, vive uma experiência trilíngue desde que tinha 1 ano e meio. Hoje, ele cumprimenta o pai com um "hello". Para a mãe, ele solta um "oi" e para a ‘tia’ Sandra, "nihao". Apesar de ser filho de brasileiros, o garoto ouve desde bebê o pai falar em inglês e, desde o primeiro ano de vida, tem uma professora de chinês.

"É a língua do futuro, uma forma de prepará-lo para os desafios que vai encontrar quando ficar adulto", diz o pai, o médico Alexandre Feldman. A professora de Taiwan Sandra Chiu, 58 anos, ensina ao menino mandarim duas vezes por semana. "Fomos à Disney e vi que ele aproveitou as brincadeiras. Também gosta de assistir a DVDs infantis em chinês", diz a mãe, Patrícia.

Na casa de Olivia Yuki Yama­­mu­­ro, de 4 anos, a visita da professora de inglês Arthemis Whitaker acontece uma vez por semana. "Ela tem um coleguinha cuja mãe é australiana e também assiste a desenhos animados, que introduzem palavras estrangeiras para os pequenos", diz a mãe, Janaína Xavier. "Talvez se o inglês tivesse sido apresentado de uma forma melhor para mim na infância, eu não teria dificuldade."

A preocupação dos pais de Arthur e Olivia de que o primeiro contato com uma língua estrangeira ocorra o mais cedo possível e de forma lúdica tem sido compartilhada com outros pais. O maior objetivo dessas famílias é preparar os filhos para enfrentar um mercado de trabalho extremamente competitivo no futuro. O movimento cresceu tanto que existem escolas especializadas nesse tipo de ensino de idiomas.

"Começamos, para ganhar a confiança, com relaxamento, depois vamos para aquecimento e o uso da criatividade com livros gigantes, caleidoscópio, fantoches, brinquedos da própria criança e brincadeiras que ela inventa, respeitando seu tempo", explica o professor Juan Uribe, dono de uma escola em São Paulo.

Ambiente doméstico

Outra tendência do aprendizado precoce é que o estudo pode acontecer em casa, fato que os pais veem como vantagem pela economia de tempo e deslocamento. "Na casa é necessário criar um ambiente pedagógico que não existe, mas também há informações sobre a criança e isso ajuda o professor a entrar no mundo dela", afirma Uribe.

No caso da professora Ar­­themis, que nunca tinha dado aulas para crianças tão pequenas, foi necessário fazer uma formação especial, e até mesmo recorrer à sua mãe para pegar dicas sobre como lidar melhor com o mundo dos pequenos, na própria casa deles. "Foi uma experiência nova, uma tentativa misturando os 15 anos de aulas e convivência com minha sobrinha", conta. Para que o processo funcione com crianças tão pequenas e no ambiente familiar é essencial que os pais participem e ofereçam materiais para a aula, como brinquedos e livros.

Em geral, o aprendizado da criança passa por várias fases. Primeiro, há um período silencioso, em que ela ouve, mas ainda não se sente segura para falar. Em seguida, ela mistura as duas línguas, passa a usar uma linguagem "telegráfica" e, aos poucos, consegue montar um discurso com frases. Só então aprende conexões entre frases e musicalidade.

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