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transporte coletivo

Tarifa das linhas da RMC tende a subir

Com longas distâncias percorridas, trajetos não integrados já têm custo médio de R$ 3,12, e alguns chegam a R$ 4

Ontem à tarde, a rodoviária e outros pontos de recarga do cartão-transporte tiveram fila | Giuliano Gomes / Tribuna do Paraná
Ontem à tarde, a rodoviária e outros pontos de recarga do cartão-transporte tiveram fila (Foto: Giuliano Gomes / Tribuna do Paraná)

O governo do estado anunciou anteontem que a nova tarifa das linhas metropolitanas integradas seria definida apenas após a conclusão de estudos realizados pela Comec. Mas tudo indica que elas serão ainda mais caras do que as do transporte urbano – que amanhã passará a custar até R$ 3,30. Hoje, as linhas não integradas já têm custo médio de R$ 3,20.

Os valores dessas linhas não integradas são definidos pelo governo do estado. A linha I32 (Araucária-Campo Largo), por exemplo, tem 31 quilômetros de extensão e custa R$ 4. Pelo valor, especula-se que linhas com extensão próxima a essa, como a 805 (Curitiba/Campo Largo), custariam ainda mais caso realmente haja a desintegração tarifária da RIT.

Para Marcos Bicalho, diretor da Associação Nacional das Empresas de Transporte Urbanos (NTU), a desintegração traz um impacto inevitável sobre preço. "Os passageiros da capital realmente subsidiam um pouco o sistema. Com a separação, cada parte precisa se equilibrar e caberá ao usuário metropolitano pagar esse aumento", afirma.

A possível desintegração tarifária do sistema se deve ao impasse entre governo e prefeitura de Curitiba sobre os valores dos subsídios que cobririam a diferença entre o valor pago pelo usuário e o repassado às empresas do setor. A Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec) alega que o custo do passageiro metropolitano é menor do que o apresentado pela Urbs.

Para embasar essa afirmação, a Comec se fia na pesquisa origem-destino feita pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). O levantamento, concluído no ano passado, ouviu 128 mil usuários. O sistema transporta 2 milhões de pessoas por dia.

Segundo a Comec, essa pesquisa concluiu que 31,2% dos passageiros da RIT são metropolitanos. Isso representa 50% a mais do que até então era estabelecido pela Urbs. Quanto mais usuários, menor o custo do sistema. Por isso, o governo propõe reduzir os seus subsídios e dividir eventuais déficits com a prefeitura. A alegação é de que Curitiba, como polo metropolitano, beneficia-se diretamente pela integração.

Contraponto

A prefeitura questiona a validade da pesquisa pela quantidade de entrevistados e também por terem sido ouvidos apenas passageiros embarcados. Desde a divulgação do estudo, a Gazeta do Povo tenta, sem sucesso, obtê-lo.

Independentemente dos argumentos, Bicalho afirma que uma desintegração traria prejuízos para ambos os lados. "Na maioria das regiões metropolitanas brasileiras, a gestão é separada. Mas o caminho da gestão única traz racionalidade à rede porque não há concorrência entre os sistemas metropolitano e urbano".

Uma saída, segundo o diretor da NTU, seria a formação de um consórcio entre os municípios, a exemplo do que ocorre em Recife e Fortaleza. "A melhor solução é achar um caminho para manter a rede integrada."

Recarga do cartão provoca filas

Fernanda Trisotto

O anúncio do reajuste da passagem de ônibus anteontem e a diferença de R$ 0,15 a menos para quem usar o cartão-transporte movimentou os pontos de recarga do dispositivo ontem, em Curitiba.

De acordo com a Urbs, já na terça-feira foram emitidos 662 novos cartões-transporte na própria Urbs e também nas Ruas da Cidadania, bem mais que o registrado na terça-feira passada, 26 de janeiro, quando foram confeccionados 264 cartões. Para o órgão, além da alta da tarifa, o fato de ser início de mês e de ano letivo também explica a procura.

Não adianta querer estocar passagens com o valor antigo, de R$ 2,85. Quem recarregar o cartão-transporte com a velha tarifa só poderá usar os créditos nesse valor por 30 dias, contando a partir da data do reajuste, que é sexta-feira. Ou seja, as passagens compradas ainda hoje só valerão até o dia 5 de março. No dia 6 março, o valor de R$ 3,15 passa ser debitado.

Para aproveitar o preço menor, a recarga deve ser feita até às 23h59 de hoje. Além dos pontos de recarga da Urbs e Ruas da Cidadania, e das bancas de revista conveniadas, os cidadãos podem recorrer à internet. Esta última opção, aliás, é boa para quem ainda não recebeu o salário de fevereiro – muitos receberão na sexta-feira, 5.º dia útil do mês – e tira do próprio bolso os custos do transporte. É que a opção via site da Urbs funciona a partir da emissão de um boleto, que tem um prazo de pagamento mais elástico. No entanto, é preciso ficar atento à quantidade de créditos comprados, já que eles só são debitados no cartão-transporte depois da compensação bancária, geralmente um prazo de 48 horas.

Atualmente,se um usuário quiser carregar o cartão-transporte com dinheiro suficiente para andar 60 vezes de ônibus em um mês (sem considerar o preço da tarifa domingueira), ele vai desembolsar R$ 171. Com esse mesmo valor em dinheiro, mas considerando a nova tarifa de R$ 3,15, ele poderá andar de ônibus 54 vezes e terá um saldo de R$ 0,90 centavos no cartão.

Penúria

Em janeiro, a Gazeta do Povo mostrou superlotação, elevado tempo de espera e veículos com idade avançada nas linhas metropolitanas integradas. A situação é ainda pior nas não integradas. O estado de abandono de terminais sob a gestão dos municípios é crítico. Há banheiros sujos e sem louça, estações-tubo sem portas e até cães vira-latas "ajudando" na segurança dos locais.

Custo relativo

Curitiba pede ao estado um subsídio anual da ordem de R$ 84 milhões para cobrir o déficit da RMC. Isso representa 4,68% da arrecadação de ICMS projetada pelo estado para os 14 municípios integrados em 2015. Além de não concordar com o pedido, a gestão Richa alega falta de caixa para justificar atrasos em pagamentos– como os R$ 13 milhões devidos do convênio de 2014.

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