
O Paraná vai começar a semana pagando 36,8% mais caro pela energia. Esse é o reajuste extraordinário a que a Copel terá direito para fazer frente ao crescimento de suas despesas com a compra de energia e o fim dos repasses do Tesouro Nacional à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). Para o consumidor residencial, o reajuste será de 31,8%. Para a indústria, a tarifa vai subir 38,9%, em média.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) definiu na sexta-feira (27) os reajustes extraordinários de 58 distribuidoras de todo o país. O aumento médio autorizado para a Copel foi o quarto mais alto. Na média de todas as empresas, o reajuste será de 23,4%.
Normalmente, cada concessionária tem direito a um reajuste por ano. O da Copel, por exemplo, ocorre no dia 24 de junho. No entanto, existia o temor de que várias distribuidoras quebrassem se tivessem de absorver por muito mais tempo o violento aumento de custos que afeta todo o setor elétrico. Foi por isso que o governo federal – apontado por muitos especialistas como culpado pela desorganização do setor – decidiu liberar esse reajuste fora de época.
O governo estadual, controlador da Copel, informou que não comentaria o assunto, uma vez que o aumento “foi definido pelo governo federal”. Em meados do ano passado, quando a Aneel permitiu que a estatal paranaense elevasse sua tarifa em cerca de 35%, o governador Beto Richa determinou que a companhia aplicasse um aumento menor, de 25% – a diferença poderá ser repassada ao consumidor no próximo reajuste tarifário anual, em junho.
Segundo o diretor-presidente da Copel Distribuição, Vlademir Santo Daleffe, a empresa vai aplicar na íntegra o aumento autorizado pela Aneel. “Desse aumento, nem um centavo ficará na mão da Copel. É para fazer frente ao forte aumento da CDE, da tarifa de Itaipu e da energia que as distribuidoras tiveram de comprar no leilão de ajuste de janeiro”, disse.
CDE, Itaipu e leilão
Com o fim dos subsídios do Tesouro, o rateio da CDE entre todos os consumidores brasileiros saltou de R$ 1,7 bilhão para R$ 23 bilhões. A CDE é um fundo que banca as principais despesas do setor elétrico e programas sociais como o Luz para Todos.
Além dessa despesa, as concessionárias das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste estão arcando com o encarecimento da energia de Itaipu, que representa em torno de 20% do suprimento dessas empresas. Neste ano, as tarifas da hidrelétrica foram reajustadas em 46%, em dólar, em razão do “cenário hidrológico adverso de 2014”, segundo a Aneel.
A falta de chuva fez várias hidrelétricas gerarem menos energia, obrigando-as a comprar a diferença no oneroso mercado de curto prazo para honrar contratos. Esse aumento de custos, suportado por Itaipu ao longo de 2014, é repassado às distribuidoras desde o início do ano e chega agora ao consumidor final.
Outra despesa que teve forte impacto no caixa das distribuidoras, segundo o executivo da Copel, foi o leilão de ajuste realizado em janeiro, no qual as empresas compraram energia a preços elevados para cobrir volumes “descontratados” que até então elas estavam tendo de comprar no mercado de curto prazo.



