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Movimento do Passe Livre espalhou cruzes contra o "tarifaço" nas principais praças de Curitiba: não ao reajuste da passagem | Antonio Costa/Gazeta do Povo
Movimento do Passe Livre espalhou cruzes contra o "tarifaço" nas principais praças de Curitiba: não ao reajuste da passagem| Foto: Antonio Costa/Gazeta do Povo

Reajuste

Em São Paulo, bilhete sobe amanhã

São Paulo - Os passageiros que quiserem utilizar os ônibus municipais de São Paulo pelo valor atual das passagens, de R$ 2,70, deverão recarregar o bilhete único até hoje. Quem deixar para amanhã pagará o valor que entrará em vigor, de R$ 3.

Segundo a SPTrans (empresa que gerencia o transporte coletivo), o valor máximo a ser carregado no bilhete único é de R$ 200. Se a quantia for creditada antes do reajuste, ela poderá ser utilizada de acordo com o preço antigo das passagens até o término do valor. Não existe um prazo para a validade do crédito.

O reajuste das passagens de ônibus foi confirmado na última terça-feira pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM). Com o novo valor, a tarifa ficou 11% mais cara. Para efeito de comparação, a inflação neste ano na cidade foi de 5,83%, segundo cálculo da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).

A tarifa de ônibus é definida a partir do custo do sistema. Uma planilha de custos entregue pelas empresas é analisada por técnicos da prefeitura, que apontam quanto custa manter o funcionamento do sistema. A partir daí, a tarifa ideal é calculada, com base no número de passageiros.

A partir do valor da tarifa ideal, a prefeitura calcula quanto será bancado pelo orçamento municipal. Neste ano, por exemplo, foram gastos R$ 600 milhões de subsídio. Para 2011, estão previstos R$ 743 milhões.

O custo do sistema tem de ser equivalente à soma de tudo o que é arrecado com tarifas e com os subsídios pagos pela prefeitura.

Folhapress

Usuários protestam contra aumento

Mesmo sem definição de valor ou data para mudança da tarifa de ônibus em Curitiba, o Movi­­mento do Passe Livre (MPL-Curi­­tiba), um movimento social apartidário, iniciou uma série de protestos contra um possível tarifaço.

Cruzes foram amarradas nos terminais de ônibus e postes localizados nas praças Carlos Gomes, Eufrásio Corrêa, Tiradentes, Santos Andrade e Rui Barbosa e nas ruas Nestor de Castro, Barão do Serro Azul, Marechal Floriano, calçadão da Rua XV e no Paço da Liberdade. Além do ato simbólico, os participantes do grupo estão fazendo panfletagens e recolhendo assinaturas. Algumas batucadas na Rua XV também foram organizadas.

De acordo com o MPL, as assinaturas serão levadas ao Minis­­tério Público. A intenção do movimento é descobrir como as empresas de transporte coletivo chegaram ao novo valor da passagem, que eles acreditam que será de R$ 2,50.

O MPL considera que a prefeitura de Curitiba e a Urbs vão aumentar o preço da tarifa no início do ano. No site, o MPL diz: "exigimos que a tarifa do transporte coletivo de Curitiba fique congelada em R$ 2,20. Para nós, qualquer aumento no valor da tarifa é abusivo e injustificado, tendo em vista a licitação-fantasia que ocorreu em 2010 e a qualidade precária do transporte".

Em 2009, o Movimento do Passe Livre protestou contra o aumento da passagem. Ativistas chegaram a bloquear o cruzamento da XV de Novembro com a Avenida Marechal Floriano Peixoto, mas foram retirados do local pela Polícia Militar e pela Guarda Municipal. Na oportunidade, participantes do movimento e estudantes entraram em confronto com a PM e com a GM em vários pontos da cidade.

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O usuário do transporte coletivo de Curitiba vai pagar mais caro pela passagem em 2011. Há dois anos operando com o mesmo valor – R$ 2,20 –, a expectativa do setor é de que a nova tarifa não fique abaixo de R$ 2,50. De acordo com Marcos Isfer, diretor presidente da Urbanização Curitiba S/A (Urbs) – empresa responsável pelo transporte coletivo da cidade –, é natural que o preço da passagem aumente. "O valor atual já está defasado. No ano passado nós tivemos uma série de reajustes e nenhum deles foi anexado ao valor da tarifa", diz.Segundo Isfer, ainda não existe um índice ou uma data oficial para o reajuste, que não deve ocorrer antes de fevereiro. "Nós temos de aguardar o dissídio coletivo dos trabalhadores, que incide sobre o valor da tarifa. Natural­­mente, depois do dissídio, vai haver um equilíbrio da tarifa, é normal", afirma.

Especialistas que trabalham no setor apontam outros fatores que vão contribuir para o reajuste da tarifa ainda neste ano: a nova licitação do transporte coletivo, em vigor desde o ano passado, e o custo de insumos como o diesel, geraram déficits que vêm sendo acumulado ao longo dos dois anos de congelamento da passagem. Na opinião de Valdir Apa­recido Mestriner, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Urbani­zação do Paraná (Sin­diUrbano), o aumento é inevitável. "Os custos do contrato de licitação serão reavaliados em janeiro. Também tem a revisão dos salários dos trabalhadores do transporte. Uma inflação de aproximadamente 6%, como a de 2010, justificaria um aumento de 3% sobre a passagem. Tudo indica para um reajuste imediato, em fevereiro, e superior a R$ 2,50", explica.

Uma projeção feita pelo Sin­­diUrbano, levando em conta da­­dos fornecidos pelo próprio edital de licitação, mostra que, para co­­brir os custos da operação, a tarifa teria de subir para R$ 2,50. Se­­gundo a Urbs, para que a arrecadação fosse equivalente ao custo total do sistema, a tarifa deveria ser de R$ 2,32 desde agosto de 2009.

De acordo com André Caon, presidente da Sociedad Peatonal (ONG que tentou impugnar o edital de licitação do transporte coletivo), além dos custos, existe a questão do lucro. "O transporte coletivo é um negócio e, como tal, também visa ao lucro. E por questões econômicas, o preço da passagem está defasado. A passagem vai subir e nada menos que R$ 2,50", afirma.

Para João Carlos Cascaes, ex-diretor de Planejamento da Urbs, alguém tem de pagar os custos da licitação, e não serão as empresas de ônibus. "Para a licitação foram cobrados R$10 milhões de cada empresa participante. O edital também previa renovação da frota, custos sociais. As empresas não vão pagar por isso. É a prefeitura ou o usuário. O preço da passagem vai aumentar, sem que a qualidade do transporte aumente", diz.

Trabalhadores

Motoristas e cobradores realizaram ontem uma assembleia para discutir as reivindicações da categoria. O sindicato deve encaminhar um pedido de reajuste salarial de 15%. "O aumento dos salários não vai interferir no preço da tarifa, que deve subir em breve. É claro que as empresas vão usar isso como desculpa, mas o valor atual da tarifa está defasado há muito tempo. Eles vão subir pela defasagem e não pelos trabalhadores. Mas alguém tem de servir de bode expiatório", afirma o presidente Sindicato dos Motoristas e Cobradores nas Empresas de Transportes de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), Anderson Teixeira.

O último reajuste da categoria aconteceu em janeiro de 2009, no mesmo mês em que a passagem aumentou 15,7%, passando de R$ 1,90 para R$ 2,20. Na época, a tarifa estava congelada há cinco anos em R$ 1,90. O fato aumenta a ex­­pectativa de que haja aumento em 2011.

A planilha tarifária do transporte coletivo de Curitiba, de acordo com informações do Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp), é formada por despesas com mão de obra (40%); custos variáveis, como óleo, diesel e peças (29%); custos de capital, como depreciação e remuneração (12%); custos administrativos (8%); taxas e impostos (5%); taxa da Urbs (4%); e outros, como limpeza de tubos e seguros de vida (2%). A reportagem da Gazeta do Povo tentou entrar em contato com o Setransp, mas até o fechamento desta edição não obteve resposta. A justificativa é que o sindicato está de férias coletivas até o dia 10.

Interatividade:

Qual valor da tarifa do transporte coletivo de Curitiba seria justo?

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