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violência

Taxistas apontam as 13 áreas de maior risco em Curitiba

Quem precisar de um táxi com urgência depois das 22 horas para ir ao bairro Parolin, em Curitiba, correrá o sério risco de ficar a pé. O motorista que aceitar a corrida certamente faz parte de um grupo muito restrito de taxistas. Depois da onda de assaltos e assassinatos registrada em 2004 e 2005, e das negociações frustradas com o governo do estado, a categoria decidiu não se arriscar mais. Atualmente, existe na capital uma lista de zonas proibidas, nas quais taxistas se recusam a entrar depois de certos horários.

Na semana passada, motoristas e funcionários de cinco centrais de rádio-táxi de Curitiba identificaram para a reportagem as principais zonas de risco. O Parolin foi citado por todas as centrais e pela maioria dos taxistas, seguido do Sítio Cercado e Cidade Industrial de Curitiba. Outras regiões também são críticas, como a Vila Trindade, no Cajuru, e Vila Sandra, no bairro Orleans, além de bairros próximos de áreas de invasões. A Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) não informa dados sobre a criminalidade nessas regiões.

Segundo taxistas, os ladrões costumam embarcar no Centro da cidade, mas nos últimos tempos passaram a chamar o carro pelo telefone. "O problema é que quando a central recebe uma chamada, não podemos recusar a corrida", diz um taxista que já foi assaltado três vezes e pede para não ter o nome revelado. "Quando o passageiro tenta embarcar na rua, ainda podemos dar uma olhada e passar direto". Mas a aparência não é garantia de segurança. "Tem ladrão que anda bem vestido e se ele embarcar, muita gente nem desconfia de nada", completa.

Nos últimos anos, a precaução tem sido a única arma dos taxistas contra a violência. No início de 2005, depois da morte de um deles, o então secretário-chefe da Casa Civil, Caíto Quintana, prometeu à categoria que a Polícia Militar faria abordagens em táxis durante a noite, em locais considerados perigosos, e que os taxistas teriam um canal direto com a polícia. A PM tem feito abordagens e gerado reclamações por parte dos profissionais. De resto, pouca coisa mudou. O presidente da Associação das Centrais de Rádio Táxi de Curitiba, Édson Fernandes, estima que a cada dois dias um taxista é assaltado. O índice tende a aumentar nos fins de semana.

Faltam estatísticas

"É difícil ter uma estatística, porque na maioria dos assaltos os taxistas não registram queixa. Acaba ficando no boato", diz Fernandes. Segundo ele, as medidas discutidas com a Polícia Militar para dar mais segurança à categoria não saíram do papel. "Parou tudo na burocracia do estado, e não temos como arcar com o custo da linha de rádio", afirma. "Hoje, tem muitos que assaltam no ponto mesmo." Uma das medidas estudadas pelas seis centrais que integram a associação é adotar aparelhos de GPS para monitorar a localização dos veículos. "O governo do estado poderia abrir uma linha de crédito para equiparmos os carros com o GPS. Outra possibilidade seria fazer um convênio com o município, para que os radares monitorassem os carros", sugere.

Enquanto as medidas não saem do papel, as centrais de rádio-táxi têm orientado os motoristas a não entrarem em determinados locais durante a noite. Segundo o operador de uma delas, a média é de um assalto por dia. "Nos fins de semana, a média sobe para dois ou três assaltos, mas as ocorrências não são divulgadas. Só as centrais ficam sabendo", diz. "Registrar a ocorrência é perda de tempo", justifica.

"Reduzimos o número de pontos durante a madrugada para evitar que os motoristas fiquem sozinhos. Antes, ficava só um carro no ponto. Agora, ficam cinco ou seis depois da meia-noite." Durante a noite, os motoristas não são mais obrigados a atender todas as chamadas. "Quando é dentro de favela ou um local perigoso, o taxista não é mais obrigado a ir", explica.

Para o major da PM Douglas Dabul, a falta de registro das ocorrências atrapalha o trabalho de prevenção. "Dificulta e muito, porque não temos como fazer as estatísticas. Se não nos dão os parâmetros, não temos como fazer uma prevenção efetiva. Não temos como saber para onde os assaltantes migraram e não temos como migrar as operações", afirma.

Dabul orienta os taxistas a terem sempre em mãos o número do telefone celular das viaturas do Projeto Povo em cada região. "Se o taxista tem alguma dúvida quanto ao destino e ao cliente, pode acionar a viatura para que façamos uma abordagem." Os números do Projeto Povo podem ser obtidos por meio do telefone 190.

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