Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Curitiba

TCU flexibiliza uso de cartão da UFPR

Aulas de campo, principalmente no litoral, estavam ameaçadas pelas regras administrativas dos cartões corporativos

Maurício Garcia de Camargo, coordenador do curso de Oceanografia: “O tribunal entendeu a nossa explicação” | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Maurício Garcia de Camargo, coordenador do curso de Oceanografia: “O tribunal entendeu a nossa explicação” (Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo)

O Tribunal de Contas da União (TCU) resolveu flexibilizar as regras de uso do cartão de crédito corporativo para o pagamento de despesas com as aulas de campo (práticas) de alunos da Universidade Federal do Paraná (UFPR). A decisão foi tomada ontem após uma reunião, em Curitiba, entre técnicos do TCU e 14 professores do Setor de Ciências da Terra (cursos de Cartografia, Geologia, Geografia e Oceanografia).

A reunião foi solicitada por docentes que passaram a receber cartas do TCU, pedindo explicações sobre o uso de dinheiro público sacado com cartão corporativo entre o início ano letivo de 2006 e o terceiro trimestre deste ano. De acordo com os docentes, o dinheiro foi usado para pagar o serviço de barco nas incursões de alunos no litoral.

A recomendação do TCU é de que a universidade passe a fazer licitação dos serviços de transporte, hospedagem e alimentação usados nas aulas de campo, ou que crie uma espécie de bolsa-auxílio para os estudantes. O objetivo é manter as aulas de campo, não comprometer o semestre dos alunos, nem a formatura dos que estão no último ano, orientando a UFPR a cumprir as regras administrativas para uso do cartão corporativo. O Ministério da Educação (MEC) limitou o saque em 20% para as universidades federais.

Segundo o coordenador do curso de Oceanografia da UFPR, Maurício Garcia de Camargo, os estudantes da área precisam fazer 100 horas-aulas de barco para concluir a graduação e receber o diploma. Os professores chegaram a avaliar a possibilidade de cancelar as aulas de campo previstas para os meses de outubro e novembro deste ano e para o ano letivo de 2009. Mas a reunião no TCU acalmou os ânimos. "O tribunal entendeu a nossa explicação. Não existem mais motivos para suspender as aulas de campo", afirma Camargo.

Aceitável

De acordo com o secretário de controle externo do TCU no Paraná, Rafael Blanco, os argumentos apresentados sobre as questões apontadas no relatório são razoáveis e aceitáveis. "As respostas são suficientes. Mas a UFPR terá de mudar a forma de gerenciar esses recursos."

Blanco explicou que todo o gasto feito com dinheiro público precisa ser justificado com uma nota fiscal. Neste caso, a maior dificuldade para pagar as despesas de aula de campo de Oceanografia é com os barqueiros. A maioria é autônoma e só aceita pagamento pelo serviço em dinheiro. "Há algumas exceções nas quais é possível justificar com recibos. Mas o professor não precisa se preocupar com isto, porque a obrigação é da universidade", diz.

Ajuste

Segundo o pró-reitor de Planejamento, Orçamento e Finanças da UFPR, Paulo Yamamoto, a universidade vai se ajustar as regras de uso do cartão de crédito corporativo. "A UFPR deve fazer as licitações ou oferecer bolsas para os alunos."

Yamamoto lembrou que a universidade tem várias aulas de campo, cada curso tendo suas peculiaridades e dificuldades de efetuar os pagamentos. "A UFPR tem adotado a política de apoiar os estudantes nas aulas obrigatórias." Em média, uma semana de aula de campo para uma turma de 40 alunos de Oceanografia custa R$ 7 mil. Hoje, o reitor eleito Zaki Akel Sobrinho e o vice Rogério Mulinari serão recebidos por Blanco no TCU.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.