Fortaleza O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, enfrentou ontem uma manifestação contra o aborto, durante sua visita a Fortaleza (CE). O protesto organizado por lideranças religiosas e políticas, inclusive um deputado petista foi em resposta a recentes afirmações do ministro, que é favorável a uma discussão sobre o tema e já defendeu a realização de um plebiscito para decidir por liberação ou não.
Temporão esteve em Fortaleza em comemoração ao Dia Nacional da Saúde e chegou a participar até de uma roda de ciranda, criada por alunos de uma escola municipal, com a prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT), e o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB).
O protesto contra o aborto contou com cerca de cem pessoas, algumas dentro do Ginásio Poliesportivo da Parangaba, primeiro local visitado pelo ministro ontem, na periferia da cidade, e outras do lado de fora, com um carro de som.
A organização ficou por conta do vereador Paulo Mindêllo (PSB), que integra a Renovação Carismática Católica.
No protesto havia também representantes de evangélicos e espíritas, além de diversos grupos católicos. Também participou do protesto o deputado federal Luiz Bassuma (PT-BA), que preside a Frente Parlamentar em Defesa da Vida e Contra o Aborto. Com um carro de som e diversas faixas, como "Por um Brasil sem aborto e "O Ministério é da Saúde ou da Morte?, os manifestantes desviaram o foco de atenção do evento, em que o ministro iria falar de um programa de ginástica para a população.
Enquanto Temporão discursava, entre vaias, os manifestantes gritavam: "Diga não ao aborto e sim à vida.
Um dos manifestantes, integrante do movimento Queremos Deus, chegou a questionar o ministro, logo após a solenidade, se ele era mesmo favorável ao aborto.
Temporão respondeu que defendia uma "discussão sobre o assunto, já que é "inegável que milhares de mulheres todos os anos têm de passar por curetagens pós-aborto em hospitais públicos ou mesmo morrem depois de tentativas malsucedidas de abortar.
Segundo o ministro, a sociedade não pode se abster de discutir esse assunto. "No próximo dia 20, o STF (Supremo Tribunal Federal) vai convocar cientistas a Brasília para discutir o início da vida, no debate sobre as pesquisas com células-tronco embrionárias. O tema é outro, mas acho que é um ótimo momento para a sociedade refletir também sobre o aborto, disse.
O ministro também negou ser contra a vida e citou como evidência disso o fato de ter quatro filhos. Para ele, porém, não discutir o tema é uma "postura cínica, mentirosa.



