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Londrina

Terceiro acusado é condenado a 19 anos de prisão pela morte de Amanda Rossi

Sessão terminou às 3h30 desta madrugada, depois de quase 18 horas de julgamento. Maioria dos jurados votou pela condenação do réu por homicídio triplamente qualificado

Luiz Vieira Rocha, o Luizinho, foi condenado pela participação na morte da estudante Amanda Rossi | Roberto Custódio/JL
Luiz Vieira Rocha, o Luizinho, foi condenado pela participação na morte da estudante Amanda Rossi (Foto: Roberto Custódio/JL)

Depois de quase 18 horas de julgamento, Luiz Vieira Rocha, conhecido como Luizinho, 38 anos, foi condenado a 19 anos de prisão pela participação na morte da estudante Amanda Rossi. Os jurados acataram os agravantes apresentados pelo Ministério Público (MP) e a sentença foi baseada por homicídio triplamente qualificado: meio cruel, sem chances de defesa da vítima e por promessa de recompensa.

A sessão que começou às 9 horas de quarta (30) se encerrou às 3h30 desta quinta-feira (1º). O réu foi condenado pela maioria dos sete jurados. Como os votos são secretos, pelo menos quatro imputaram culpa a Rocha. O crime aconteceu em 27 de outubro de 2007. O corpo da jovem foi encontrado dois dias depois dentro da casa de máquinas na Universidade Norte do Paraná (Unopar).

Para os jurados, Luizinho deu cobertura para Alan Henrique e Dayane de Azevedo na execução do crime. Os dois foram condenados em setembro do ano passado a mais de 20 anos de prisão, ao serem considerados os executores. A promotora Suzana Lacerda, responsável pela acusação, avaliou que a sentença ficou dentro do esperado. "A juíza [Elizabeth Kather] considerou menos grave a participação do Luiz no crime em relação aos outros réus. O que considero equânime, já que não teria executado o crime", disse.

A advogada de defesa, Cássia Rocha, afirmou que apresentará ainda nesta quinta-feira (1º) um recurso contra a decisão. Questionada se o fato de ser irmã do réu teria atrapalhado na própria conduta no Tribunal, ela disse que isso "não teve influência." "Agora vamos analisar tudo o que ocorreu nesse julgamento e apresentar recurso."

Página virada

Ao final da sessão, o pai da estudante, Luiz Carlos Rossi, estampou um sorriso. Ele disse que a condenação do terceiro acusado de matar a sua filha colocava ponto final a parte da história. "Agora tem o processo para descobrir quem foi o mandante. O resultado do julgamento de hoje não é uma vitória pessoal minha, mas das pessoas que buscam por Justiça."

O pai da vítima ressaltou que os últimos cinco anos da vida dele foram de muito sofrimento. "É uma tortura física e mental. Para quem nunca teve problemas com a Justiça é uma dificuldade enorme vir num lugar como esse [Tribunal]".

Debates

Passava de 12 horas de julgamento quando o réu foi inquirido pela promotoria e pela defesa. Firme em suas respostas, Luiz Vieira Rocha afirmava que não "tinha nada para confessar". Ele chegou a insinuar que pessoas ligadas à universidade estariam pagando para que continuasse preso.

A declaração foi embasada na troca constante de advogado. A irmã foi a décima defensora do réu. "Acho que tem alguém pagando para os advogados pararem de defender. Já que poucos recursos foram apresentados contra a minha prisão", disse. O argumento foi contestado pela promotoria, que apresentou a negativa da Justiça para pelo menos quatro pedidos de habeas corpus.

Durante os debates, a promotora Suzana Lacerda usou contradições em trechos de depoimentos prestados por Luizinho para colocá-lo como partícipe do crime. Entre os pontos controversos, o fato de ele ter falado que não teria entrado na Unopar no dia do crime, depois uma irmã relatar o contrário e a negativa durante a sessão de julgamento. "Ele está mentindo para tentar se eximir dos fatos. Porém, o elo entre a Dayane e o Alan é o próprio Luizinho. Ele só não sujou as mãos de sangue, mas estava lá [na universidade no dia do crime]", disparou.

A promotora ainda apontou Luizinho como o intermediário entre o mandante e os executores. Segundo ela, esse fato teria evitado a presença de vestígios do réu na casa de máquinas, onde o corpo foi encontrado.

Mesmo sem provas materiais contra o réu, a advogada de defesa Cássia Rocha não conseguiu convencer os jurados na inocência do irmão. Em alguns trechos de sua argumentação, a defensora tentou desqualificar a investigação realizada pela Polícia Civil, que resultou na prisão de Luizinho. "A investigação é dúbia, confusa e tendenciosa. Não foram apresentadas provas contra os três, nem sequer uma imagem deles na Unopar no dia do crime."

Por volta das 2 horas, o cansaço ficou evidente na fisionomia dos jurados. Um quase chegou a cochilar e teve que recorrer a um copo d’água para permanecer acordado. Com o fim dos debates, o conselho de sentença se reuniu e decidiram – em votação secreta que durou menos de dez minutos – pela condenação de Luiz Vieira Rocha.

Rocha continuará preso na Penitenciária Estadual de Londrina I (PEL I), onde está há quase quatro anos, desde que foi detido em dezembro de 2008.

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