O terreno da Rodoferroviária de Curitiba foi arrematado por R$ 7,5 milhões num leilão na sexta-feira, por causa de dívidas trabalhistas da Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA). Segundo o leiloeiro Plínio Barroso de Castro, um grupo de investidores do interior do estado é o candidato a comprador do lote. "Ainda não tenho o nome, pois a venda será confirmada na segunda-feira (hoje)", disse.
Para evitar a concretização da venda, a RFFSA tem até hoje para quitar a dívida trabalhista com José Luiz Ribeiro, autor da ação. Segundo o leiloeiro, esta é a terceira vez em que o terreno é arrematado num leilão. "Nas duas vezes anteriores, a Rede Ferroviária pagou as ações e não aconteceu nada", lembra. Desta vez, entretanto, a solução do problema tem um agravante: servidores do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) estão em greve e os prazos processuais suspensos.
Em uma das ocasiões anteriores, em maio de 2003, o terreno chegou a ser arrematado por R$ 2 milhões num leilão também realizado por causa de dívidas trabalhistas. Três dias depois a RFFSA pagou uma indenização de R$ 25 mil ao autor da ação e o TRT tornou sem efeito a venda.
A RFFSA enfrenta mais de duas mil ações trabalhistas e em cerca de 5% delas a área da rodoferroviária é dada como garantia. A reportagem não conseguiu contato com a assessoria de comunicação da RFFSA para verificar se a empresa vai ou não quitar a dívida. O advogado do autor da ação também não foi localizado.
Desde 1969, o terreno da RFFSA em frente à Avenida Afonso Camargo está sob responsabilidade da prefeitura de Curitiba. Um contrato de comodato prevê a utilização da área até março de 2009, sem custo de aluguel para a prefeitura. Em agosto de 2004, quando dois leilões do terreno foram cancelados com o pagamento das ações por parte da RFFSA, o então procurador jurídico do município, Maurício de Ferrante, considerava pouco provável a necessidade de retirada da rodoviária do local e afirmava que a prefeitura já tinha em vista dois locais para a implantação de terminais de ônibus interestaduais e intermunicipais, um no Atuba e outro no Pinheirinho.
A assessoria de comunicação da prefeitura informou que a Urbs, empresa que administra a rodoferroviária, aguarda uma notificação sobre a concretização do leilão para emitir qualquer comentário. Na opinião do leiloeiro Plínio Barroso de Castro, até 2009 nada muda para a comunidade. "O comprador sabe da existência deste contrato de comodato", disse.



