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Cura de Maria Eduarda foi possível por causa de exame de DNA feito no nascimento |
Cura de Maria Eduarda foi possível por causa de exame de DNA feito no nascimento| Foto:
  • Maria Eduarda passou por uma cirurgia para retirada de um tumor, mas não precisou fazer quimioterapia

Um teste capaz de identificar uma mutação genética causadora de um tipo de câncer está salvando vidas. Desde 2005, quando o Instituto Pelé Pequeno Príncipe deu início a uma campanha para realização de um teste de DNA que identifica a mutação genética responsável pelo desenvolvimento do câncer de córtex adrenal, 162 mil crianças foram testadas nas maternidades do Paraná.

Dessas, 433 tiveram a mutação identificada e quatro desenvolveram o tumor. Graças ao acompanhamento contínuo, a doença foi descoberta em fase inicial, tratada cirurgicamente e as crianças salvas.

Esse tipo de câncer chega a ser 15 vezes mais freqüente no Paraná do que em outras regiões do Brasil e do mundo. A incidência da mutação na população paranaense é de, em média, 2,5 casos a cada mil nascimentos. Aproximadamente 3 a 5% das crianças com a alteração desenvolvem o tumor. Em média são registrados, no estado, de 12 a 14 casos da doença todos os anos.

Como o surgimento do tumor geralmente ocorre por volta dos 3 ou 4 anos de idade (embora possa acontecer até os 15), agora é que estão aparecendo os primeiros casos entre a população testada. "Pode ser que daqui para frente ocorra um boom no número de casos, porque as crianças estão atingindo essa idade", comenta a bioquímica Gislaine Custódio, responsável pelo ramo da pesquisa que pretende mapear a localização geográfica dos casos.

A identificação da alteração genética pode ser feita ainda na maternidade, por meio de uma gota de sangue.

Salvando vidas

Com apenas 1 ano e 5 meses de vida, Maria Eduarda ainda não tem idéia da importância do teste que salvou sua vida. Assim como a mãe e dois irmãos, ela é portadora da mutação genética responsável pelo câncer do córtex adrenal. Ao contrário dos irmãos, Maria Eduarda foi testada na maternidade. O acompanhamento médico, com exames clínicos, hormonais e ecografias periódicas, permitiu que a doença fosse descoberta precocemente. Em maio deste ano, ela passou por uma cirurgia para retirada do tumor, não precisou fazer quimioterapia e está curada.

A mãe, Giane Palmeira, e o irmão mais velho, embora tenham a mutação, nunca desenvolveram a doença. No entanto, um ano antes de Maria Eduarda nascer, Giane perdeu o filho Vinícius, de 4 anos. "Se já existisse esse teste quando ele nasceu, ele poderia estar aqui hoje", lamenta. Vinícius passou por três cirurgias, entre elas a retirada de um rim, fez quimioterapia, mas não resistiu. "Se não tivesse o teste eu poderia ter perdido também minha filha", diz Giane.

Obrigatoriedade

Um projeto de lei apresentado pelo deputado estadual Pedro Ivo pretende tornar o exame obrigatório em todas as maternidades do estado ainda este ano.

Leia mais detalhes do exame de DNA na edição deste sábado da versão impressa do jornal Gazeta do Povo

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