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| Foto: JONNY UEDA/AFP

A Polícia Civil deve ouvir uma testemunha-chave do acidente com o ônibus que matou 18 pessoas na rodovia Mogi-Bertioga na noite de quarta-feira (8). Cezar Donizetti Vieira, gerente de um depósito de material de construção, de 54 anos, dirigia na estrada quando teve o carro atingido pelo ônibus. Ele contou que o motorista do coletivo que levava os universitários de volta para casa tentou uma ultrapassagem antes de perder o controle.

Abaixo-assinado

Um abaixo-assinado, ainda não preenchido, pedindo providências para segurança no transporte de estudantes que faziam o trajeto Mogi das Cruzes-São Sebastião foi encontrado entre os pertences das vítimas do acidente nesta sexta.

O documento não tinha ainda assinaturas ou nome do condutor e estava endereçado à secretaria de Educação de São Sebastião, cidade onde a maioria dos passageiros morava. A estudante de Psicologia Aline de Jesus dos Santos, 20 anos, afirmou, no entanto, que o abaixo-assinado era direcionado ao motorista Antônio Carlos da Silva, de 38 anos, que dirigia o coletivo no momento do acidente.

“O abaixo assinado era para ele e com certeza muita gente ia assinar. Ele corria muito”, disse a jovem ao chegar à delegacia, onde foi retirar seus pertences.

Muito abalada, Aline não soube dizer quem era o responsável por organizar o abaixo-assinado. Aos jornalistas, ela relatou que dormia no ônibus quando escutou gritos dos colegas.

“Ouvi alguém dizendo para colocar o cinto e consegui fazer isso antes de batermos”, disse ela, que levou 13 pontos na cabeça. Depois da tragédia, Aline que mora em Juquehy, no litoral norte, decidiu se mudar para Mogi das Cruzes, onde fica a universidade.

Outro lado

A Prefeitura de São Sebastião informou, em nota, que “não há documento algum protocolado na Secretaria de Educação”.

Segundo informações da secretária da pasta, Maria Zeneide Nunes da Silva Moraes, o procedimento normal em casos de reclamações ou denúncias é o protocolo do documento na própria secretaria. Nesse caso específico que trata de transporte escolar, o mesmo é encaminhado à Comissão dos Transportes para averiguação da veracidade do fato”.

Por fim, o comunicado diz que caso seja constatada e confirmada, a denúncia seguirá para a secretária para que as devidas providências sejam adotadas.

A assessoria de imprensa da União Litoral, proprietária do ônibus, informou que nunca houve registro de reclamação contra o motorista durante o período em que ele trabalhou para a companhia e que a ficha funcional dele era “excelente”.

Na manhã desta sexta-feira, os corpos das vítimas do acidente começaram a ser enterrados em São Sebastião, Litoral de São Paulo.

Muito abalado, Vieira foi espontaneamente à delegacia de Bertioga, que concentra as investigações sobre o caso para prestar depoimento, nesta sexta. Ele contou que, naquela noite, voltava de Araraquara, cidade do interior paulista com a esposa e a irmã quando foi atingido pelo ônibus em uma das curvas da rodovia.

“Ou ele tentou me ultrapassar ou se escorar para não virar porque a estrada não tem acostamento. Eu estava a 60 km/h e o ônibus estava mais rápido do que eu. Não ouvi barulho de freio. Só do ferro arrastando na estrada”, conta a testemunha.

Segundo o delegado responsável pela investigação, Maurício Barbosa Júnior, as testemunhas só vão ser ouvidas a partir de segunda-feira (13).

“Vou agendar um dia que eles estejam bem emocionalmente. Ontem foi o velório e os municípios estão em luto hoje”. Barbosa disse que deve ir até a cidade de origem das vítimas, sem “incomodar ninguém no hospital”.

O delegado afirmou que Donizetti será ouvido, assim como os sobreviventes que estavam no ônibus. “Para mim, ele [Donizetti] é uma testemunha do impacto. Não é testemunha do motivo do impacto. Então todas as testemunhas são principais”, afirmou.

Barbosa Júnior também informou que ainda não tem o resultado do exame toxicológico do motorista. Além disso, a perícia, considerada complexa por ele, pode demorar cerca de 30 dias.

Acidente

O ônibus fazia o fretamento de estudantes universitários e tombou por volta das 23h desta quarta-feira (8), na altura do km 84 da rodovia Mogi-Bertioga, entre as cidades paulistas de Biritiba-Mirim (região metropolitana) e Bertioga (litoral). Dezoito pessoas morreram no acidente e 17 ficaram feridas.

Os estudantes são de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, e fazem todos os dias o trajeto entre o município e Mogi das Cruzes, cidade da Grande SP com duas universidades.

O ônibus era fretado pela Prefeitura de São Sebastião, que decretou luto de três dias. As aulas nas escolas foram suspensas.

Segundo boletim de ocorrência, o ônibus trafegava pela rodovia quando, “por motivos desconhecidos, perdeu o controle da direção, invadiu a pista contrária, atingindo uma rocha e capotando em seguida, parando tombado com a capota prensada na rocha e parado num córrego de água pluvial, virado para baixo”.

Do total de vítimas, 15 morreram no local, entre elas o motorista. A 16.ª vítima morreu no pronto-socorro em Bertioga. Outras duas morreram no Hospital Santo Amaro, em Guarujá.

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