• Carregando...
Coronel permanece preso em quartel do Corpo de Bombeiros, na capital | Valterci Santos/Gazeta do Povo
Coronel permanece preso em quartel do Corpo de Bombeiros, na capital| Foto: Valterci Santos/Gazeta do Povo
  • Vila Rocinha, palco dos crimes: moradores apontam participação indireta de policiais

Policiais militares que fizeram o atendimento a assassinatos atribuídos ao ex-comandante do Corpo de Bombeiros, o coronel reformado Jorge Luis Thais Martins, serão convocados a prestar depoimento. Testemunhas ouvidas pela Delegacia de Homicídios (DH), que investiga os homicídios em série, relataram oficialmente que os PMs adulteraram a cena de um crime que teria sido cometido pelo ex-comandante. Martins é suspeito de ter matado nove pessoas e baleado outras cinco, entre agosto do ano passado e janeiro deste ano.

Três pessoas prestaram depoimento – duas no fim de semana e uma, na terça-feira (8) – e contaram o mesmo fato. Minutos depois de um duplo homicídio ocorrido na madrugada de 1º de janeiro deste ano, policiais militares chegaram ao local e recolheram cápsulas de projéteis, adulterando a cena do crime. Na ocasião, o taxista Luciano Vecchi e Vanusa Ageletti, que seria usuária de drogas, foram assassinados.

Em matéria publicada no dia 29 de janeiro, a Gazeta do Povo ouviu testemunhas afirmaram que os PMs teriam recolhido cápsulas após outro ataque atribuído ao coronel, ocorrido no dia 8 de agosto do ano passado, quando um casal foi assassinado na mesma rua.

O delegado responsável pelo caso, Cristiano Augusto Quinta dos Santos, informou que oficiou o Comando da Polícia Militar, solicitando ouvir todos os policiais que atenderam locais de crime dos quais o coronel é suspeito. Quintas ressalta que a oitiva de policiais é uma praxe nas investigações conduzidas por ele, mas que vai representar uma oportunidade de esclarecer as denúncias apontadas pelas testemunhas.

"Os laudos de ‘local de crime’ ainda não foram enviados à delegacia. Pode ser que a PM tenha recolhido as cápsulas e entregado ao Instituto de Criminalística (IC). Mas, se isso foi feito, não consta no boletim de ocorrência, como deveria", explicou.

Testemunhas apontam que coronel rondava local dos crimes

Os depoimentos das últimas três testemunhas apontam para outro ponto em comum: o coronel Martins teria rondado a Rua Cleto da Silva, palco de quatro dos cinco ataques atribuídos ao ex-comandante. Uma das pessoas ouvidas pela polícia – que é mãe de uma vítima – afirma ter visto Martins em uma ponte de madeira da rua, por volta das 6 horas, alguns dias antes do dia 14 de janeiro, quando Luiz Rosalino Novalski foi assassinado.

Outras duas pessoas que testemunharam oficialmente à polícia relataram ter visto o coronel em um bar que fica na mesma rua. Na ocasião, o ex-comandante teria se sentado a uma mesa do canto e permanecido sem conversar com ninguém.

O depoimento das testemunhas bate de frente com um álibi apresentado pela defesa, segundo o qual o coronel estaria no interior do estado, a serviço da Defesa Civil, para quem estaria prestando assessoramento especial. Os advogados também argumentam que Martins não estava em Curitiba no dia 1º de janeiro deste ano, quando ocorreu o penúltimo crime atribuído ao coronel.

O caso

O coronel Martins é considerado suspeito de ter cometido cinco ataques, em que nove pessoas morreram e cinco foram baleadas, totalizando 14 vítimas. Os crimes ocorreram entre o dia 8 de agosto de 2010 a 14 de janeiro deste ano. Todos os atentados foram cometidos no bairro Boqueirão, próximo ao local onde o filho de Martins foi assassinado, em outubro de 2009. Os ataques começaram depois que dois usuários de drogas, suspeitos de ter matado o filho do coronel, foram postos em liberdade. Segundo a polícia, nenhuma vítima dos ataques têm qualquer relação com a morte do rapaz.

O ex-comandante dos Bombeiros foi preso no dia 28 de janeiro. Dias depois da prisão, a polícia realizou uma seção de reconhecimento, das quais participaram nove pessoas – entre sobreviventes e testemunhas. A DH confirmou que houve reconhecimento, mas não divulgou o resultado do procedimento. Fontes ligadas à Polícia Civil ouvidas pela Gazeta do Povo confirmaram que todas as pessoas reconheceram Martins.

A defesa do coronel entrou com um pedido de revogação de prisão, junto a Vara de Inquéritos Policiais. Nesta semana, no entanto, o juiz Pedro Sanson Corat negou a solicitação e Martins permanece preso.

Veja o mapa com a localização de cada crime

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]