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Tiradentes, herói vivo nas salas de aula

Quem foi Tiradentes? Brayan Vanderlei Anacleto da Silva, 8 anos, explica: "ele reuniu um povo para brigar por justiça e liberdade, porque o rei de Portugal mandava no Brasil." Ainda segundo Brayan, o rei mandava para Portugal todo o ouro retirado em Minas Gerais. "Mas Portugal já era rico", acrescenta. Um dia, o rei descobriu o que Tiradentes "planejava", mandou prendê-lo e matá-lo. Bianca Furlan Lopez, também de 8 anos e colega de Brayan, acha que a morte de Tiradentes foi uma injustiça. "Ele era pobre. Só queria ajudar o povo", diz. Sara Camienski, 8 anos, acredita que o enforcamento serviu de exemplo. "Foi para as outras pessoas não terminarem o que ele tinha começado", explica a menina.

Brayan, mesmo sabendo que o "plano" de Tiradentes não deu certo, acredita que o Brasil só se tornou independente por causa dele. "Por isso o Brasil não está tão pobre também", acrescenta Douglas Felipe Mendes Correia de Oliveira, 8 anos. "É, o Brasil era rico antes", emenda Leonardo Metzger Teixeira, 8 anos. A reflexão dos alunos da terceira série do ensino fundamental da Escola Municipal José Wanderley Dias, no bairro Barreirinha, em Curitiba, demonstra a mudança pela qual o ensino de história passou nas últimas décadas no Brasil.

De acordo com a professora Lilian Castex, responsável pelo Departamento de Ensino de História do município, a mudança começou pelas faculdades. "As escolas de hoje são reflexos da academia, que, logo após a ditadura militar, começou a ter uma visão mais dinâmica sobre o ensino de História", explica. Isso trouxe avanços para as diretrizes curriculares do ensino fundamental. "Queremos que o aluno busque a compreensão do fato histórico pela pesquisa. O papel do professor é orientá-lo na interpretação, para que o estudante construa sua cidadania, identidade e cultura", explica Lilian.

Os alunos da Escola José Wanderlei Dias pesquisaram durante a semana o contexto político e econômico do país até chegar à Inconfidência. As crianças ainda contaram com uma aula que as ajudou a descobrir um dos motivos da revolta. "Dinheiro", diz a turma, em coro. Alguns historiadores diriam que as crianças têm razão, já que o descontentamento da elite mineira com a coroa portuguesa era motivado, entre outras coisas, pela cobrança da derrama, um imposto extra anunciado para o ano de 1789. Um clima de revolta tomou conta das camadas mais altas da sociedade mineira, que começaram a planejar um movimento contra Portugal.

Além de estudar o contexto econômico e político do Brasil, alunos da rede estadual apreendem também como os ideais iluministas e a independência norte-americana influenciaram a Inconfidência Mineira. Mas a principal mudança está nos conteúdos trabalhados, diz o técnico pedagógico em História da Secretaria de Estado da Educação, Marcelo Fronza. "Agora oferecemos diferentes visões históricas sobre o mito. Sabemos que a imagem mais conhecida de Tiradentes, semelhante a Jesus Cristo, é falsa, porque o prisioneiro na época tinha a cabeça raspada", diz. A idéia é dar subsídios para instigar o estudante a descobrir em que contexto, como e porque Tiradentes virou herói brasileiro.

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