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Um tiroteio causou pânico no Conjunto de Favelas do Alemão, Zona Norte do Rio, por volta das 5h da manhã deste sábado (21).

Nas redes sociais, moradores relataram corre-corre e desespero. “Quando acordei às 5h para trabalhar, o tiroteio estava intenso. Ouvi muitos tiros e já no ônibus, a caminho do trabalho, muitas pessoas contaram que desceram o morro correndo, que outras voltaram para trás, e que teve até gente caindo na correria para fugir das balas”, registrou uma moradora.

Renê Silva, criador do jornal “Voz da Comunidade” e morador do Complexo do Alemão, fez um desabafo em sua conta no Facebook.

“Que isso! Nem dá mais para dormir direito com esses barulhos de tiros. É guerra! Tô recebendo mensagens de moradores desesperados que estão muito assustados com a situação. Um disse que pegou o colchão do quarto e colocou no chão da cozinha. Outra foi pro banheiro esperar os tiros passarem, pois acha a parte da casa mais protegida. Que Deus nos abençoe e nos guarde com seu manto sagrado. Amém!”, escreveu o jovem empresário.

Na página “Alemao Morro”, que reúne informações sobre a comunidade no Facebook, moradores postaram vídeos com o barulho dos tiros e mensagens clamando por paz.

Segundo informações do portal G1, a 45ª DP (Alemão) confirmou que tiros foram ouvidos em alguma das comunidades no entorno, mas ainda não efetuou nenhum registro oficial. De acordo com a Coordenadoria de Polícia Pacificadora, agentes da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Nova Brasília e criminosos entraram em confronto na comunidade, mas não há informações sobre feridos até o momento.

Governo

O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), se reuniu durante cerca de meia hora nesta tarde com líderes comunitários do Complexo do Alemão. O conjunto de favelas possui nove UPPs e tem sofrido com constantes trocas de tiros entre policiais e traficantes.

A última morte ocorreu na quinta-feira (19), quando Vanessa Aparecida de Abicassis, 40, foi atingida por um tiro de fuzil no peito. Ela estava na porta de casa, conversando com vizinhos, e o tiro teria sido disparado de uma mata localizada próximo a uma UPP. A Polícia investiga a autoria do disparo.

Na chegada de Pezão, um morador que socorreu Vanessa, segurava uma placa com a frase “Fora UPP”.

“Virei as costas e a vi caída no chão. Com UPP não era para acontecer isso, mas eles trocam tiros e deixam moradores no meio, não há inteligência, investigação. Vivemos com policiais com fuzis nas nossas casas, nas vielas, sendo revistados diariamente. Quando era só tráfico não havia tanta bala perdida assim”, afirmou Márcio de Alencar, 35, que trabalha no Alemão carregando material de construção.

Indagado sobre a avaliação do morador, Pezão foi categórico. “Gostaria de saber quem é esse morador. Pois acabei de sair de uma reunião onde todos querem a paz. E a paz vale para os dois lados: o policial e o morador. Quem não quer a paz é aquele que acha que pode ser o dono do território, o tráfico. Tivemos falhas e excessos policiais, também tivemos violência contra policiais. Nada disso é aceitável. Temos que perseverar”, afirmou.

A reunião não pode ser acompanhada pela imprensa e nem gravada pelos representantes comunitários. Depois, Pezão foi assistir a uma apresentação de balé e de cantores de rap, que na música criticaram também os tiroteios.

Manifestação

Durante a apresentação, cerca de dez moradores tentavam chamar a atenção do governador aos gritos, dizendo que ele não se importava com a violência no complexo. O governador os chamou em particular e conversou com o grupo, que saiu sem falar com a imprensa.

O corpo de Vanessa foi enterrado neste sábado, no cemitério de Inhaúma, na zona norte do Rio. Ela deixou o marido e dois filhos -um deles com paralisia cerebral.

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