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Tiroteiro ocorreu na madrugada de 21 de setembro do ano passado, quando cerca de 200 sem-terra voltaram à fazenda experimental da Syngenta Seeds | Edson Mazzetto/Gazeta do Povo
Tiroteiro ocorreu na madrugada de 21 de setembro do ano passado, quando cerca de 200 sem-terra voltaram à fazenda experimental da Syngenta Seeds| Foto: Edson Mazzetto/Gazeta do Povo

O caso do confronto armado entre seguranças da NF segurança e sem-terra, ocorrido há um ano na fazenda experimental da multinacional Syngenta Seeds, em Santa Tereza do Oeste, no Oeste do estado, permanece sem desfecho. Em 21 de setembro de 2007, uma troca de tiros resultou na morte do segurança Fábio Ferreira de Souza e do líder sem-terra Valmir Mota de Oliveira, conhecido como Keno. Na semana passada, a área foi doada pela Syngenta ao governo do estado.

Segundo o Ministério Público (MP) de Cascavel, o processo é muito extenso e apenas os réus e as testemunhas de acusação foram ouvidos até agora. Todas as 19 pessoas denunciadas pelo MP (oito integrantes dos sem-terra, um fazendeiro, o dono da NF e outros nove seguranças da empresa) respondem em liberdade. O promotor Marcelo Beck diz que a quantidade de réus e vítimas exige que muitas pessoas sejam ouvidas, o que atrasa o processo. "Só de testemunhas da denúncia são 34 pessoas", lembra. A denúncia foi oferecida à 1.ª Vara Criminal de Cascavel em dezembro de 2007.

A advogada Gisele Cassano, que defende os sem-terra citados na denúncia do MP, lembra que Alessandro Meneghel, presidente da Sociedade Rural do Oeste do Paraná, acusado pela família de Kano de ter comandado a ação, é o único dos réus que não responde por homicídio. "A Isabel (uma das sem-terra feridas no confronto) levou um tiro no olho e a bala ficou alojada na coluna. Ela é vítima e está sendo acusada de homicídio", diz.

Beck disse que Meneghel não é acusado de homicídio porque não fez parte do confronto armado. "Ele está sendo acusado por formação de quadrilha e exercício arbitrário das próprias razões – ou fazer justiça com as próprias mãos", afirma. De acordo com o promotor, quem está sendo acusado como mandante do ataque seria o dono da empresa NF segurança, Nerci de Freitas. A reportagem não conseguiu localizar Meneghel ontem.

O advogado Hélio Ideriha Júnior, defensor dos seguranças e da empresa NF Segurança, disse já ter juntado provas em benefício dos réus. "Se o juiz decidir mandar os réus a júri, vamos estar preparados", afirma.

A fazenda da Syngenta, onde eram feitas experiências com material geneticamente modificado, foi ocupada no início do ano passado por sem-terra e desocupada em julho. Na madrugada do dia 21 de setembro, cerca de 200 sem-terra voltaram ao local. Depois do tiroteio, os seguranças teriam confirmado a participação no conflito. Eles afirmaram para a polícia terem sido contratados pelo Movimento dos Produtores Rurais para retirar pessoas que tentassem invadir a área. Quatro seguranças e o dono da NF foram presos. Dois sem-terra – Celso Ribeiro Barbosa e Célia Parecida Lourenço – tiveram a prisão preventiva decretada, mas estavam fora do pais. Todas as prisões foram revogadas.

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