
Os edifícios históricos de Paranaguá, erguidos séculos antes da chegada do automóvel e frágeis demais para conviver com um fluxo de veículos de cidade grande, estão ameaçados pelo tráfego constante de veículos, incluindo caminhões, que abala estruturas e causa rachaduras. Por isso, moradores, comerciantes e entidades vão definir em conjunto com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) uma forma de restringir o trânsito nas ruas de Paranaguá. Hoje, ocorre uma audiência pública para definir as diretrizes de aplicação do Plano de Mobilidade do Centro Histórico na cidade.
A audiência marca a segunda etapa do plano, de discussão com a sociedade e definição do projeto final. Em dezembro, o Iphan delimitou a área de aplicação do plano. No evento de hoje serão formados grupos de trabalho com moradores, comerciantes e representantes de entidades e de ONGs que devem sugerir o nível de moderação para cada via. Essas definições serão votadas em assembleia. O documento final da reunião deve trazer o nível de liberação do tráfego quadra a quadra e vai orientar a proposta do Iphan à prefeitura, na medida em que não interfira com a conservação dos prédios históricos. O terceiro passo será a apresentação, em maio, do projeto à prefeitura, que é quem tem poder para regular o trânsito na região.
Frota
"Paranaguá tem uma taxa de motorização próxima à de grandes centros. O peso dos veículos e a trepidação afetam a estrutura dos prédios, causam rachaduras e podem levar o edifício a ser condenado", explica o coordenador do Programa de Mobilidade em Cidades Históricas Tombadas do Iphan, George da Guia. A frota de Paranaguá é de 40,3 mil veículos para 140 mil habitantes proporção de um carro para cada 3,5 pessoas, igual à da cidade do Rio de Janeiro. Além disso, a área tombada pelo Iphan abrange uma região de comércio de eletrodomésticos e móveis, o que leva a um grande fluxo de caminhões. Os prédios históricos desta área datam dos séculos 17 e 18.
O plano de mobilidade não se limita à moderação do tráfego. A ideia é estimular o turismo e o comércio, a exemplo de outras cidades históricas que tiveram a circulação de veículos restrita, como Parati, no Rio de Janeiro. Para tanto, o plano prevê a revitalização das vias de acordo com o perfil de cada uma calçadão, compartilhada com carros ou com pequenos veículos de carga. As obras serão feitas em parceria com a prefeitura, usando verbas do PAC das Cidades Históricas. Como os projetos ainda não foram fechados, não há estimativa do custo ou do repasse.
Também será constituído um grupo para acompanhar o trabalho do Iphan na elaboração do projeto final. Guia garante que as diretrizes estabelecidas só não serão seguidas pelo órgão caso ameacem os prédios históricos. "A intenção é convergir ao máximo a vontade dos moradores com a função do Iphan, que é proteger os edifícios", ressalva.
Serviço:
A audiência ocorre às 13h30, no Museu Arqueológico e Etnográfico. Durante todo o dia, haverá outras atividades no centro histórico, como apresentações de grupos folclóricos e musicais.
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Interatividade
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