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Segurança

Traficantes cariocas compram cocaína das Farc, diz polícia

Grandes atacadistas, como Fernandinho Beira-mar, perdem espaço

Rio de Janeiro – Traficantes de favelas cariocas estão adquirindo cocaína diretamente das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) na fronteira do Brasil com o país vizinho e, dessa forma, pulverizam a compra do "produto" e substituem alguns de seus grandes atacadistas, como Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar. A constatação é de policiais da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da Polícia Federal no Rio, que tem feito prisões e colhido pistas, em diversas investigações sobre o tráfico internacional, que apontam para a negociação direta de bandidos locais com a guerrilha colombiana, relatou o delegado Victor Cesar Santos à reportagem.

Segundo ele, Beira-Mar, que cumpre pena em Catanduvas (PR), ao ser preso teve enfraquecido o seu esquema, o que abriu espaço para novos compradores no atacado. "É uma tendência que já detectamos há algum tempo", disse ele. "Eles estão fazendo como o Beira-Mar, que era um traficante local e ia à Colômbia comprar droga, para não depender dos intermediários. Com isso, acabam pulverizando a compra da cocaína."

Uma das supostas conexões das Farc com traficantes das favelas cariocas – no caso, Mangueira e Jacarezinho, dominadas pelo Comando Vermelho – que iriam até a fronteira com a Colômbia para comprar cocaína foi revelada à PF por um suposto ex-guerrilheiro, o brasileiro Paulo Rafael dos Santos Júnior, hoje provavelmente com cerca de 25 anos. Ele se apresentou a funcionários brasileiros na fronteira com o território colombiano em 2005 dizendo que, depois de inicialmente aderir às Farc, tentou deixar o movimento, acabando por se tornar prisioneiro dos guerrilheiros por nove meses, antes de escapar. Em depoimento à DRE, afirmou ter conversado com dois bandidos brasileiros, conhecidos como "Negro" e "Sapo", durante uma festa em um povoado colombiano chamado San Felipe, no país vizinho.

No depoimento, Santos Júnior diz que Negro, que seria ligado aos bandidos da Mangueira, e Sapo, do Jacarezinho, o abordaram porque souberam que também era brasileiro. Os dois traficantes teriam dito a Santos Júnior que foram a San Felipe comprar cocaína. Ainda de acordo com o depoimento, os dois criminosos do Rio pareciam conhecer os moradores e demonstravam ir à região com freqüência.

O caso dos bandidos da Mangueira e do Jacarezinho não é isolado. "Já fizemos no Rio de Janeiro outras prisões que ligam traficantes locais às Farc", disse o delegado. O policial relatou outra prisão, de um sargento da Polícia Militar. Com ele, policiais federais apreenderam um agenda com o nome e o telefone do Tomás Medina Caracas, o Negro Acácio, líder da Frente 16 das Farc.

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