
Rio de Janeiro - A Polícia Federal prendeu ontem em nove estados 72 acusados de integrar uma quadrilha internacional que contrabandeava animais silvestres dentro do Brasil e para o exterior. Apontados como líderes do grupo no Brasil, uma mulher de 68 anos e um tcheco foram presos nesta manhã no Rio. A Interpol emitiu o alerta de difusão vermelha (red mote) a 187 países para a prisão de cinco estrangeiros três tchecos, um suíço e um português que integrariam o esquema. Apenas no Brasil, os criminosos faturavam em torno de R$ 20 milhões por ano.
"Este é o fim de um trabalho iniciado em 2008 com provas robustas de uma organização criminosa que leva para o exterior espécies da nossa fauna, levando algumas delas à extinção. Calculamos por baixo que esta quadrilha contrabandeou 500 mil animais em um ano. Nenhuma espécie animal está preparada para uma ação desta natureza", declarou o delegado Alexandre Saraiva, da Delegacia do Meio Ambiente e Patrimônio Histórico da PF.
A ação, batizada de Operação Oxóssi (orixá da caça e da fartura nas religiões de matriz iorubá, como a umbanda, o candomblé e a santeria), mobilizou 450 agentes entre eles, militares da Marinha para prender caçadores, cinco policiais militares, contrabandistas e vendedores de animais no Pará, Maranhão, Sergipe, Bahia, Minas , Espírito Santo, São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio. O Ministério Público Federal obteve em todo o país 103 pedidos de prisão preventiva e 139 mandados de busca e apreensão. Apenas no Parque Nacional da Bocaina, em Angra dos Reis (litoral sul fluminense), 16 caçadores foram presos. Metade dos presos teve os bens sequestrados pela Justiça.
No Rio apontado pela polícia como a principal porta de saída dos animais do País , 48 pessoas foram presas. O tcheco Tomas Novotny foi preso em seu apartamento em um condomínio de luxo, na Barra da Tijuca, zona oeste. O delegado afirmou que ele negociava com os comparsas no exterior a compra dos animais vendidos para colecionadores. Alguns animais viajavam com a documentação falsa e outros, escondidos em caixas, casacos e até em tubos de PVC.
No Brasil, Novotny encomendava os animais a Ana Rita de Oliveira, de 68 anos, que repassava a caçadores nos mais diversos estados. "Ela é a maior traficante de animais silvestres do Rio. Comprava e revendia. Já possui vários antecedentes pelo mesmo crime", apontou o delegado. Ana foi presa com a sua filha Márcia Rita de Oliveira em casa, em Magé, na Baixada Fluminense.
A investigação da PF aponta que alguns contrabandistas brasileiros chegavam a negociar 100 animais por semana, especialmente nas feiras de Duque de Caxias e Areia Branca, ambas na Baixada Fluminense, e a de Honório Gurgel, no subúrbio do Rio.
No estado, os policiais apreenderam nesta madrugada nas imediações da Reserva Biológica do Tinguá centenas de papagaios e outras aves embaixo do eixo de uma caminhonete. Apertados em gaiolas e caixas de papelão, alguns deles estavam feridos.
Na Europa, a procura pelos criminosos e a investigação sobre outras pessoas que integrariam a quadrilha está concentrada na Interpol, em Lyon, na França. Além do Brasil, a quadrilha contrabandeava animais de países africanos, Austrália e Indonésia, onde um alemão é apontado como o chefe do bando.




