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Quadrilha

Tráfico de animais leva 72 à prisão

Esquema internacional faturava R$ 20 milhões por ano com o comércio ilegal de espécies silvestres

Agentes da Polícia Federal cumprem mandado de busca e apreensão em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, durante a Operação Oxóssi | Fotos: Carlo Wrede/Agência O Dia
Agentes da Polícia Federal cumprem mandado de busca e apreensão em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, durante a Operação Oxóssi (Foto: Fotos: Carlo Wrede/Agência O Dia)
Pavão apreendido é apresentado na sede da PF na Praça Mauá |

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Pavão apreendido é apresentado na sede da PF na Praça Mauá

Rio de Janeiro - A Polícia Federal prendeu ontem em nove estados 72 acusados de integrar uma quadrilha internacional que contrabandeava animais silvestres dentro do Brasil e para o exterior. Apontados como líderes do grupo no Brasil, uma mulher de 68 anos e um tcheco foram presos nesta manhã no Rio. A Interpol emitiu o alerta de difusão vermelha (red mote) a 187 países para a prisão de cinco estrangeiros – três tchecos, um suíço e um português – que integrariam o esquema. Apenas no Brasil, os criminosos faturavam em torno de R$ 20 milhões por ano.

"Este é o fim de um trabalho iniciado em 2008 com provas robustas de uma organização criminosa que leva para o exterior espécies da nossa fauna, levando algumas delas à extinção. Calculamos por baixo que esta quadrilha contrabandeou 500 mil animais em um ano. Nenhuma espécie animal está preparada para uma ação desta natureza", declarou o delegado Alexandre Saraiva, da Delegacia do Meio Ambiente e Patrimônio Histórico da PF.

A ação, batizada de Operação Oxóssi (orixá da caça e da fartura nas religiões de matriz iorubá, como a umbanda, o candomblé e a santeria), mobilizou 450 agentes – entre eles, militares da Marinha – para prender caçadores, cinco policiais militares, contrabandistas e vendedores de animais no Pará, Maranhão, Sergipe, Bahia, Minas , Espírito Santo, São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio. O Ministério Público Federal obteve em todo o país 103 pedidos de prisão preventiva e 139 mandados de busca e apreensão. Apenas no Parque Nacional da Bocaina, em Angra dos Reis (litoral sul fluminense), 16 caçadores foram presos. Metade dos presos teve os bens sequestrados pela Justiça.

No Rio – apontado pela polícia como a principal porta de saída dos animais do País –, 48 pessoas foram presas. O tcheco Tomas Novotny foi preso em seu apartamento em um condomínio de luxo, na Barra da Tijuca, zona oeste. O delegado afirmou que ele negociava com os comparsas no exterior a compra dos animais vendidos para colecionadores. Alguns animais viajavam com a documentação falsa e outros, escondidos em caixas, casacos e até em tubos de PVC.

No Brasil, Novotny encomendava os animais a Ana Rita de Oliveira, de 68 anos, que repassava a caçadores nos mais diversos estados. "Ela é a maior traficante de animais silvestres do Rio. Comprava e revendia. Já possui vários antecedentes pelo mesmo crime", apontou o delegado. Ana foi presa com a sua filha Márcia Rita de Oliveira em casa, em Magé, na Baixada Fluminense.

A investigação da PF aponta que alguns contrabandistas brasileiros chegavam a negociar 100 animais por semana, especialmente nas feiras de Duque de Caxias e Areia Branca, ambas na Baixada Fluminense, e a de Honório Gurgel, no subúrbio do Rio.

No estado, os policiais apreenderam nesta madrugada nas imediações da Reserva Biológica do Tinguá centenas de papagaios e outras aves embaixo do eixo de uma caminhonete. Apertados em gaiolas e caixas de papelão, alguns deles estavam feridos.

Na Europa, a procura pelos criminosos e a investigação sobre outras pessoas que integrariam a quadrilha está concentrada na Interpol, em Lyon, na França. Além do Brasil, a quadrilha contrabandeava animais de países africanos, Austrália e Indonésia, onde um alemão é apontado como o chefe do bando.

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