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Rio de Janeiro

Tráfico e milícias são principais desafios na Maré, diz o comandante

Operação difere da realizada no Complexo do Alemão, onde existia apenas uma facção criminosa. Forças Armadas pedem colaboração da comunidade

O general de brigada Roberto Escoto, comandante da Força de Pacificação no Complexo da Maré, afirmou que as diferentes facções criminosas e as milícias existentes no local tornam o trabalho diferenciado das outras operações de paz que o Exército já comandou.

"A peculiaridade dessa operação difere do Complexo do Alemão, por exemplo, onde existia somente uma facção criminosa. Aqui são três: as duas ligadas à exploração do tráfico de drogas em si e a milícia. Nossa missão é proteger a população e suprimir a liberdade com que essas facções exercem suas atividades criminosas", disse.

A declaração foi dada na manhã de deste domingo (6), após a cerimônia de hasteamento da bandeira, na Praça dos Dezoito, na Baixa do Sapateiro, uma das 15 comunidades do Complexo. Desde o início da manhã, militares distribuem panfletos pedindo colaboração além de um carro de som que transmite o pedido: "A Força de Pacificação agradece a sua colaboração. Estamos presentes para proteger você e a sua família. Estamos trabalhando para a sua segurança".

Alguns moradores ouvidos pela reportagem, no entanto, afirmaram que tentaram denunciar pontos de vendas de droga aos militares, mas não foram ouvidos. Outros dizem que se sentem ameaçados pelo tráfico para não denunciar.

Escoto, que foi comandante do segundo contingente da força de paz brasileira no Haiti, em 2005, disse que, em um primeiro momento, as queixas e desconfiança dos moradores são naturais. "A pacificação é um trabalho progressivo. Essa população foi aterrorizada ao longo de anos. Vamos restabelecer a presença do Estado e esse elo entre população e tráfico, com o tempo, será rompido. Com o tempo, a população irá cooperar mais", afirmou.

Neste sábado (5), primeiro dia da ocupação, era possível perceber o patrulhamento em quase todas as entradas do Complexo da Maré. Transcorridos 24 horas, a presença dos militares já é mais dispersa. Segundo Escoto, essa é uma nova estratégia. "O patrulhamento foi orientado a se movimentar, com motos e a pé. Temos informações da inteligência e, com esses dados, faremos o que chamamos de ‘saturação de patrulhamento’. Nele, usaremos o elemento surpresa, pois o marginal não saberá onde o policiamento estará, mas posso garantir que ficará 24 horas. Não haverá bases fixas. Nós temos 2.700 homens, em uma área de 130 mil moradores. Não há como ficar o tempo todo, em todos os lugares. Essa, então, foi a melhor estratégia", disse. O oficial ressaltou que a topografia do terreno da Maré, que é plana, em contraste com o complexo do Alemão, que é íngreme, irá facilitar o patrulhamento.

Até o momento, um menor de idade foi flagrado com material para endolação e também portava cerca de 240 munições para pistola. Com exceção do episódio envolvendo um jovem que foi espancado por moradores de uma área de facção rival, o que fez militares do Exército dispararem três tiros para o alto com o intuito de dispersar a multidão, não houve confrontos.

As Forças Armadas permanecerão no Complexo da Maré até o dia 31 de julho, período em que uma Unidade de Polícia Pacificadora será anunciada para a região e o policiamento voltará a ser de responsabilidade da Polícia Militar.

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