• Carregando...
Rafael com a esposa Dayana e os filhos Thais e Felipe, mortos no incêndio em Londres | Álbum de família
Rafael com a esposa Dayana e os filhos Thais e Felipe, mortos no incêndio em Londres| Foto: Álbum de família

Sepultamento será no Brasil

Ainda não há previsão de quando os corpos de Dayana Francisquini e seus filhos Thais e Felipe serão transportados para o Brasil, informou a família na última sexta-feira. De acordo com a cunhada de Dayana, Aqueliny Ferreira, a causa da morte foi confirmada como asfixia por fumaça. A missa de sétimo dia ocorreu na quinta-feira, em Londres. Dayana tinha 26 anos, era natural de Maringá e foi criada em Pinhais, região metropolitana de Curitiba. Ela foi para a Inglaterra há seis anos, quando conheceu seu marido, Rafael Cervi, catarinense que trabalha como garçom e deve continuar morando em Londres. Abalado com a tragédia, ele não está mais falando com a imprensa. Em entrevista à Gazeta do Povo na última segunda-feira, Rafael criticou a atuação dos bombeiros. "Eles sabiam que havia pessoas no prédio duas horas e meia antes de o incêndio terminar daquele jeito. E isso era tempo suficiente para entrar e retirar as pessoas", disse.

Dayana cuidava de seus filhos e, às vezes, trabalhava como babá. Na escolinha de Brunswick Park onde Thais e Felipe estudavam, um cartaz diz: "Infelizmente, informamos que duas de nossas crianças e sua mãe faleceram no incêndio de Lakanal House. Elas serão lembradas imensamente por todos aqui." (MS)

  • Como foi o incêndio em Londres

Londres - As autoridades britânicas ainda não divulgaram a origem do fogo que matou a paranaense Dayana Francisquini e seus dois filhos na semana passada, em Londres, mas a preocupação recai agora sobre pelo menos outros 200 prédios da região que têm condições semelhantes de segurança ao edifício Lakanal House. A polícia e os bombeiros locais conduzem uma investigação para apurar um dos piores incêndios ocorridos na cidade nas últimas décadas, enquanto especialistas especulam sobre as prováveis causas da tragédia. Nesse meio-tempo, os moradores – imigrantes, na maioria – tentam levar a vida sem acesso a suas próprias casas.

Mesmo com a presença de 100 homens e 19 veículos de combate a incêndio, os bombeiros não foram capazes de evitar a morte de Dayana, de seus filhos Thais, de 6 anos, e Felipe, 3 anos, e mais outras três pessoas, entre elas um bebê de três semanas. A subprefeitura de Southwark, que administra o bairro de Camberwell, onde ocorreu a tragédia, afirma que é muito cedo para dizer o que causou o incêndio e como as mortes poderiam ser evitadas. Os moradores, porém, dizem que o prédio de 14 andares, construído nos anos 50, era uma armadilha mortal por só ter uma escada central para a fuga de incêndios. Além disso, segundo eles, os bombeiros teriam orientado as pessoas a não usarem as escadas, para que eles mesmos pudessem ter acesso ao foco do incêndio.

É o que diz a moradora Yolimar Caboz, natural da Venezuela e amiga de Dayana. "O que eu menos me conformo é que eu falei para ela (Dayana) descer, mas ela disse que os bombeiros falaram para ela não sair do apartamento", lamenta. "Ela era minha melhor amiga. Eu sempre ia com ela no parquinho para brincar com as crianças."

Agora, Yolimar depende da ajuda do governo para viver, já que todos seus objetos pessoais estão no prédio, isolado pela polícia para a investigação. Segundo ela, no começo o auxílio estava muito desorganizado, quando ofereceram um apartamento em cima de um bar, no terceiro andar, sem acesso para o carrinho de seu filho de um ano. "Acabei indo para a casa de uma amiga", conta.

Uma vizinha de Dayana, Fadumo Hashi, nascida na Somália mas naturalizada na Inglaterra, não quer voltar a morar no prédio. "Não acho mais que seja seguro lá", afirma. Na casa de uma prima, ela vive com as doações de roupas e dinheiro do governo. "Eles estão me dando 200 libras (R$ 650) por dia, porque tenho dois filhos." Outras 98 famílias estão sendo atendidas pela subprefeitura de Southwark da mesma maneira. A maioria permanece em hotéis e outras moradias temporárias, enquanto aguarda a mudança para outro lar permanente. É o caso de Sam Kani, natural de Uganda, mas que vive há 15 anos no país. "Minha situação está difícil. Estou morando com um amigo e não tenho acesso à minha casa há uma semana. Isso porque eles (o governo) me ofereceram um apartamento em um prédio abandonado, com baratas e ratos. Além disso, eu trabalho de noite e eles ficam me ligando durante o dia, quando tento descansar", reclama. Kani diz que estava dormindo quando o fogo começou e que tentou fugir, mas teve que voltar para seu apartamento e enrolar uma toalha umedecida em seu rosto para descer as escadas esfumaçadas.

Reforma

Algo que revolta ainda mais os moradores é que o prédio Lakanal House passou por uma reforma no ano passado que custou cerca de 3,5 milhões de libras (R$ 11,4 milhões), o que não impediu o fogo de se espalhar rapidamente do nono andar para o décimo primeiro e encher de fumaça os corredores. De acordo com o site de uma revista especializada em arquitetura, uma das causas seria um tipo de material usado nas novas janelas, já que testemunhas alegam ter visto plástico derretido durante o incêndio.

O problema é que outros 204 prédios têm o mesmo desenho e características que Lakanal House em Southwark, o que fez as autoridades considarerem a instalação de escadas externas e até treinamentos para fuga de incêndio em conjuntos residenciais, algo que só ocorre em prédios comerciais em Londres.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]